A antiga citação “mar calmo nunca fez bom marinheiro” não poderia descrever melhor o ano de 2019 para o mercado internacional, afinal, os investidores observaram ao longo deste ano a maré melhorar e piorar diversas vezes e em curtos espaços de tempo. Por conta disto, investidores se posicionam com cautela frente aos desfechos positivos para os conflitos da guerra comercial e Brexit, que vem sendo anunciados em outubro, e sustentando a performance positiva dos ativos globais. Após o anúncio de acordo parcial entre China e Estados Unidos, que colocou panos quentes e acalmou o conflito que se estendia há aproximadamente um ano, foi a vez do Reino Unido anunciar que chegou a um novo acordo com a União Europeia (UE) para o tão esperado Brexit. Os negociadores britânicos junto a EU chegaram a um acordo nesta quinta-feira, no entanto, ainda é necessário que o mesmo seja ratificado pelo parlamento britânico e pelos 27 líderes do bloco europeu. É importante lembrar que a ex primeira ministra Theresa May teve três derrotas nos seus acordos, o que a fez renunciar seu cargo. O momento atual reflete alivio nas tensão globais, o que é visto com otimismo pelos mercados, porém mudanças de humor podem vir rapidamente e junto com elas, correções nas classes de ativos. Continuamos com uma visão construtiva tanto para o mercado internacional, que deve desacelerar mantendo seu crescimento, quanto para o cenário local, que deverá se beneficiar destes fatores externos junto com a agenda de reformas para retomar o crescimento da economia. O sentimento nos mercados é de otimismo, no entanto, é importante ressaltar que ainda há riscos que devem ser acompanhados de perto.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e os outros 27 líderes da UE terão de aprovar o acerto na cúpula europeia que ocorre hoje e amanhã
Por Valor, com Dow Jones Newswires — São Paulo 17/10/2019
A União Europeia (UE) e os negociadores do Reino Unido alcançaram nesta quinta-feira um acordo sobre o Brexit, antes do início da cúpula de líderes europeus em que o acordo terá de ser ratificado.
"Onde existe vontade, existe um acordo", escreveu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no Twitter. "O acordo é justo e equilibrado e um testemunho do nosso empenho em encontrar soluções."
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e os restantes 27 líderes da UE terão de aprovar o acordo na cúpula europeia que ocorre hoje e amanhã, em Brexuelas.
Depois, também terá que ser aprovado no Parlamento britânico, que rejeitou por três vezes um acordo anterior negociado pela ex-primeira-ministra do Reino Unido Theresa May.
O Partido Unionista da Irlanda do Norte (DUP), aliado do governo britânico, anunciou que se opõe ao acordo como foi feito, o que dificulta a aprovação do texto de governo que já perdeu a sua maioria.
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, o principal da oposição, também criticou o acordo ao dizer que é pior que o anterior de Theresa May, mas deu um passo ao defender que o texto seja submetido a um referendo para que a população decida.
As ações dos grandes bancos do Reino Unido, o Barclays, o Lloyds, e o Royal Bank of Scotland, registram grandes altas. O índice de referência da Bolsa de Londres, o FTSE-100, mostra avanço de 0,90%, a 7.232,23 pontos. O índice pan-europeu Stoxx 600 sobe 0,22%, já Frankfurt (0,38%), Paris (0,03%), Milão (0,27%) e Madri (0,07%) têm altas mais modestas.
Investidores ponderam que a chance de aprovação do acordo do Reino Unido com a União europeia no próximo sábado é pequena e os entraves ainda são consideráveis.
Voltando aos bancos, Russ Mould, da empresa de investimentos on-line AJ Bell, diz que este segmento precisa de uma economia saudável, taxas de juros positivas e uma curva da yield acentuada para fazerem dinheiro. "Há a probabilidade de um acordo em torno do Brexit ajudar em cada um destes casos", diz.
No entanto, o analista também lembra que os bancos têm tido um desempenho terrível e as ações parecem baratas. "Pode ser que não seja preciso muitas boas notícias - ou mesmo a ausência de más notícias - para persuadir os investidores a voltarem a comprar os bancos", diz.