Pesquisa macroeconômica - Itaú
"Déficit primário em queda, mas sustentabilidade depende de reformas
Publicamos nossa atualização mensal de cenário. Como parte do esforço de ajuste no Brasil, esperamos que uma reforma previdenciária seja aprovada em 2019. Projetamos uma redução do déficit primário, de 1,7% do PIB em 2018 para 1,3% em 2019 e 0,8% em 2020. Além disso, com devoluções adicionais do BNDES ao Tesouro (atualmente esperamos R$ 50 bilhões ou 0,7% do PIB em devoluções), a dívida pública bruta pode recuar temporariamente em 2019,frente à nossa expectativa de que suba 1 p.p. do PIB, para 78,7% do PIB.
Como consequência, esperamos melhora das condições financeiras,que deve impulsionar o crescimento do PIB para 2,5% em 2019 e 3,0% em 2020. Comum baixo diferencial de taxas de juros (internas vs. externas) e um cenário internacional volátil, mantemos nossas projeções para a taxa de câmbio em 3,90 reais por dólar no fim de 2019 e de 2020. A inflação continua bem comportada e,na ausência de desvios persistentes em relação à trajetória das metas, a taxa Selic deverá permanecer em 6,5% por um bom tempo.
Produção industrial abaixo das expectativas em novembro
A produção industrial avançou 0,1% na comparação mensal dessazonalizada em novembro. Na comparação anual, a produção recuou 0,9%, 0,5p.p. abaixo das expectativas. Avaliamos que a fraqueza recente da produção industrial é consequência de uma combinação do efeito defasado do aperto das condições financeiras do 3T18 com a desaceleração do crescimento global – em particular de países com participação relevante nas exportações de manufatura do Brasil. Vale notar que esta fraqueza também é observada na confiança da indústria da FGV, a qual ficou praticamente estável no 4T18, ao contrário da confiança dos demais setores, que já apresentaram avanço expressivo em novembro. A projeção preliminar para a produção industrial em dezembro aponta para alta de 1,0% na margem. Olhando à frente, avaliamos que a já mencionada melhora recente das condições financeiras deve fazer com que a produção industrial volte a crescer, a não ser que ocorra uma inesperada deterioração brusca no crescimento global.
IPCA fecha 2018 com alta de 3,75%
O IPCA subiu 0,15% em dezembro (após -0,21% no mês anterior), um pouco acima da mediana das expectativas de mercado. Com esse resultado, o IPC Afechou o ano com alta de 3,75%, acima do registrado no ano de 2017 (2,95%), mas com folga em relação à meta do ano (4,5%) (Gráfico 2). As maiores contribuições de alta no mês vieram dos grupos alimentação e bebidas (0,11 p.p.), vestuário(0,06 p.p.) e saúde e cuidados pessoais (0,04 p.p.). No sentido contrário,destaque para a contribuição de baixa do grupo transportes (-0,10 p.p.), ainda refletindo a queda nos preços dos combustíveis. A nossa projeção preliminar para o IPCA de janeiro aponta variação de 0,42%, com a taxa em 12 meses subindo para 3,9%.
Para 2019, nossa projeção para a inflação segue em 3,9%, com alguma folga em relação à meta de 4,25%. Em linhas gerais, na ausência de choques exógenos, a inflação deve seguir bem comportada ao longo do ano,contando com a ajuda dos seguintes fatores: inércia favorável; expectativas ancoradas às metas; capacidade ociosa na economia; taxa de câmbio relativamente estável; menores reajustes de energia elétrica e combustíveis; e perspectiva de uma boa safra agrícola.
EUA: Fed sinaliza paciência e flexibilidade na condução de política monetária
O Fed, banco central americano, publicou a ata referente à sua última reunião de política monetária. O documento consolidou a visão por parte de seus membros de que o comitê pode ser paciente quanto a novas elevações de juros, uma vez que a inflação (em 1,8%) está próxima da meta de 2%, as expectativas de inflação estão ancoradas e a taxa de desemprego está em 3,9%(pouco abaixo da estimativa do Fed para a taxa de desemprego que não acelera a inflação, ou NAIRU, de 4,5%). Seu presidente, Jerome Powell, recentemente sugeriu flexibilidade para ajustar a política monetária (juros e balanço) se necessário, oferecendo alguma proteção para os mercados financeiros, após o aperto recente das condições financeiras.
Neste contexto, revisamos nossa projeção de dois para apenas um aumento de juros em 2019. Por ora, esperamos que a redução do balanço do Fed continue conforme planejado. A principal ferramenta da instituição é a taxa de juros, por conta de melhor entendimento e controle sobre a mesma. Assim, antes de decidir diminuir o ritmo ou interromper a normalização do balanço, o Fed deve decidir encerrar o ciclo de alta de juros. Além disso, pesquisas da instituição apontam que a normalização do balanço teria impacto apenas modesto sobre os prêmios de risco."
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