RESUMO E PERFORMANCE DAS CARTEIRAS DE SETEMBRO

Cartas Mensais


RESUMO SETEMBRO

Principais indicadores: CDI +0,16%, Ibovespa -4,80%, Prefixados (IRF-M) -0,56%, Ativos IPCA (IMA-B) -1,51%, Imobiliários (IFIX) +0,46%, Dólar (Ptax) +2,16%,  Multimercados (IHFA) -1,90%, S&P 500 -3,92%, Euro Stoxx -2,41% e Ouro -4,20%

MACRO

O mês de setembro foi um mês de perdas para os ativos globais e para os ativos brasileiros (conforme divulgado em nossos indicadores). No cenário externo vimos uma forte correção nas empresas de tecnologia, aumento de casos bem mais forte que o esperado em vários países da Europa, além do maior foco nas eleições americanas por parte dos investidores. No Brasil, o tema fiscal protagonizou fortes quedas na bolsa e aumento de prêmios em praticamente todas as classes de ativos.

Internacional  - Aumento de infectados na Europa, primeiro debate presidencial nos EUA e nada de acordo sobre o novo pacote fiscal americano

Aqui na MZR, dividimos os principais temas globais em quatro:

  • Pandemia - Covid e a corrida das Vacinas: O mercado voltou a enxergar maiores riscos de uma segunda onda, diante da alta de infectados na Europa (principalmente UK, França e Espanha). Os EUA também viram a sua curva se estabilizar novamente (sem apontar para uma queda continua), o que gerou novas discussões entre os governadores e prefeitos sobre os próximos passos para controle da doença. A maioria desses líderes optou por retomar algumas restrições para evitar um novo colapso, algo que o mercado antecipa como uma retomada mais lenta para a economia em vários locais.
    Para nós na MZR, é uma questão de probabilidade: as vacinas conseguem chegar à população antes que a segunda onda nos atinja?

  • Eleições americanas: Tivemos o primeiro e possivelmente único debate presidencial (após Trump confirmar o teste positivo para Covid-19). No debate, melhor para Biden que saiu fortalecido e afastou ainda mais as chances de Trump inverter a situação atual. A arrecadação do ex-vice de Barack Obama segue batendo recordes e Biden segue como grande favorito para assumir cargo. Voltamos agora nossas atenções à disputa no Senado e as chances do que podemos chamar de uma “blue wave”, algo que pode trazer aos democratas grande capacidade de governabilidade para o mandato do presidente.

  • China-EUA: Sempre um tema complexo, mas que pelas eleições americanas, só gera ruídos e especulações de como os candidatos tratariam as disputas atuais tão combatidas por Trump. Em uma entrevista concedida esse mês, Biden prometeu ser rígido. Porém, imaginamos que as decisões possam ser mais coordenadas e trariam maior previsibilidade das estratégias para o mundo.

  • Economia Global: Os dados de PMI seguiram fortes na China, com o setor industrial novamente puxando os números. Na Europa, vimos dados mistos durante o mês de setembro em vários momentos, mas certa melhora no final do mês. A questão aqui está na inflação, que segue vindo abaixo das expectativas de mercado. O BCE precisa se mostrar capaz de impulsionar a economia (que mostra ainda dados frágeis), algo que naturalmente deixou o mercado mais pessimista quando os riscos de novas políticas restritivas pelo Corona voltaram a ocorrer.


Já nos EUA, os dados de emprego vieram em linha de maneira geral e os PMIs começam a mostrar certo enfraquecimento para novas retomadas; o motivo pode ser a demora no acordo para o novo pacote de estímulos. Os democratas e senadores não conseguem chegar em um consenso e a medida que as eleições se aproximam, se afastam as chances de ocorrer a tão necessária política assistencialista (mercado começou a reduzir as projeções de alta do PIB para o 4°tri). O presidente do FED e seus representantes já preveem chances de altas de juros somente em 2023 e que a inflação poderá ficar acima da meta de 2% até qualquer decisão de alta de juros. Outro consenso é a necessidade dos estímulos fiscais, além dos monetários, que já chegaram no seu limite na visão de boa parte do mercado.


Brasil – O risco fiscal e o risco de isolamento da equipe econômica

No Brasil, assim como no mês passado, novamente o as informações geram conclusões distintas quando olhamos o curto prazo e o longo prazo.

No curto prazo, os dados seguem muito positivos, principalmente para indústria. A volta em “V” parece cada vez mais possível, principalmente quando olhamos os dados sem serviços. O pacote de estímulos se mostrou essencial e aos poucos a economia começa a se mostrar pronta para o crescimento. O mercado voltou a reduzir a queda do PIB para algo próximo de 5% e os dados de IPCA tiveram correções para cima, alavancados pelo preço dos alimentos. Nos dados de atacado, o IGPM segue batendo recordes com a força do dólar e impulsionado também pelas commodities (principalmente minério de ferro e soja).

Para o longo prazo, levantamos a preocupação no mês passado quanto ao fortalecimento da ala progressista com o presidente Jair Bolsonaro e os riscos de tal aproximação. Sobre este tema, só vimos piorar as chances de maior responsabilidade fiscal, com as reformas estruturais cada vez mais distantes (administrativa e tributária), além de um claro interesse do presidente em aumentar as despesas no curto prazo. “Furar o teto” (como o mercado costuma comentar sobre o não cumprimento do teto de gastos) ou qualquer risco semelhante a esse é considerado ponto de colapso para o mercado. A equipe econômica parece ter ficado mais isolada e sem forças para conseguir reverter decisões fundamentais sobre a saúde das contas públicas. O tesouro “sente na pele” essa desconfiança do mercado nas novas emissões e o prêmio exigido pelos investidores aumentou, ou seja, as taxas voltaram a subir para dívidas de prazos mais longos. O aumento desses prêmios reflete em um desconto maior para a bolsa brasileira, fora a nossa moeda que segue como uma das piores do ano e sem forças para conseguir reverter tal situação mesmo com as contas externas em grande momento.

Por aqui, a solução de curto prazo para esses temas estruturais, seria um bom acordo para o pacto federativo. Um avanço nesse tema seria uma mensagem de alinhamento para as contas públicas do ano que vem, junto com cumprimento do teto (sem “pedaladas”). O mercado quer essas garantias para voltar a acreditar na saúde da contas públicas e na própria continuidade dessa equipe econômica cada vez mais desgastada.

Carteiras e posicionamento MZR

Nas carteiras de perfil conservador e moderado, vamos aproveitar o aumento do prêmio com a inclinação da curva de juros para adicionarmos papéis prefixados e reduzirmos parte da liquidez. Foco em papéis de grandes bancos para duration intermediária, aproveitando o spread de crédito e a curva. Além disso, não vemos necessidade de estratégias mais defensivas, como reduzir o risco da carteira, por exemplo. Nossos portfólios seguem muito bem balanceados e com perdas zeradas ou levemente positivos dependendo do perfil do investidor. Voltamos a ter uma cota mensal negativa, algo que não acontecia desde março, mas que não exige uma nova postura para atingirmos os nossos objetivos no longo prazo.

RENDA FIXA : JUROS NOMINAIS E REAIS (PRÉ-FIXADO / INFLAÇÃO)

O mês de setembro foi marcado pelo aumento da preocupação com a situação fiscal do Brasil e com uma possível retomada da inflação.
A curva de juros voltou a aumentar os prêmios (acima de 600bps entre a parte curta e a parte longa) em um momento de alta necessidade de rolagem da dívida pelo tesouro nacional. Tal movimento pressionou ainda mais as taxas e fizeram com que o mercado exigisse maiores retornos para voltar a financiar a dívida pública. Durante o mês tivemos um agravamento do cenário, com um risco maior de pedaladas fiscais para bancar o programa “Renda cidadã”, além nos atrasos das reformas estruturais necessárias ao país.

Na inflação de curto prazo, também tivemos algumas surpresas, com a forte alta dos preços dos alimentos, ainda que o IPCA ainda esteja sob controle em 2020. Os principais fatores que causaram a inflação dos alimentos foram a alta do dólar e o aumento da demanda para produtos considerados básicos. O aumento da demanda, para muitos especialistas, possui o auxílio emergencial como “culpado”, já o aumento do dólar é pressionado pela especulação do mercado em relação aos desafios fiscais e impacta diretamente a inflação do varejo (IPCA) e do atacado (IGPM).

Assumindo um cenário de permanência dessa equipe econômica e o cumprimento do teto de gastos, entendemos que dada as condições atuais para prêmios nos papéis entre 3/5 anos, temos uma grande oportunidade novamente de voltar a comprar papéis de renda fixa nas carteiras. Importante se atentar nos prazos, papéis mais longos possuem um risco-retorno pior na nossa visão para inserirmos aos portfólios.

CRÉDITO CORPORATIVO

Observando o comportamento disfuncional nos juros, principalmente nos vencimentos de duration média, implementamos nas carteiras moderada e conservadora as alocações em ativos bancários prefixados. A ideia aqui é aproveitar o movimento de abertura na curva, que somado ao spread de crédito pago por bancos triplo A, oferecem oportunidades de alocação em ativos com retorno de aproximadamente 8,5% a.a. (representa um rendimento aproximadamente de 125% do vértice do DI de mesmo vencimento Jan/25). O foco é aproveitar o movimento técnico que observado no mercado de juros para melhorar o carrego das carteiras, uma vez que no médio prazo os prêmios devem se normalizar com a menor necessidade de financiamento do governo (podemos imaginar um cenário de retorno acima de 170% do CDI, imaginando um cenário de fechamento da curva).

Na parcela de inflação tivemos um mês bastante positivos para os ativos dessa classe, devido a aceleração do IPCA como mencionado anteriormente. Os papeis indexados à inflação entregaram retornos de aproximadamente 1% no mês de setembro.
Seguimos com várias oportunidade para esta classe de investimentos nas carteiras, à medida que a preocupação dos investidores com a situação fiscal do país segue colocando pressão no risco e elevando assim as taxas de negociações para os títulos de NTN-Bs que servem como referência para todos os papéis de atrelados ao IPCA. Com isso, as taxas de ativos como Debentures, CRIs e CRAs seguem oferecendo retornos atrativos na casa de 4,5% de juros real já líquido ao investidor, quando olhamos para papéis de empresas com boa avaliação de crédito e histórico positivo no mercado de capitais.


RETORNO ABSOLUTO

Os mercados tiveram um mês bastante volátil tanto no cenário local, quanto no cenário externo. Os ruídos fiscais no Brasil se intensificaram, assim como bolsas globais registraram perdas importantes.

A classe de retorno absoluto como um todo apresentou queda de 1,90% ao longo do mês passado. A performance é explicada principalmente pelo desempenho das categorias Macro Dinâmico e Long Biased, que obtiveram desempenho negativo de -0,59% e -0,60%, respectivamente e representaram mais de 60% da queda total. Mesmo com nova queda da categoria Long Biased, na média o grupo conseguiu se proteger de uma queda muito maior do índice de referência Ibovespa, que registrou perdas de quase 5%. No mais, o grupo de fundos Quantitativos/Sistemáticos/Arbitragem também apresentaram desempenho negativo, embora muito próximo a estabilidade, com queda tímida de 0,04%. Fundos Long&Short e Macro Estrutural também registraram perdas.


Em suma, seguimos otimistas com a classe retorno absoluto como fonte de geração de retornos positivos para os clientes e como fator chave no equilíbrio das carteiras.

Obs. Os grupos de análise foram criados pela MZR / Data de referência do IHFA 30/09

RENDA VARIÁVEL

No mês de setembro, vimos o Ibovespa seguindo o movimento global de queda, recuando 4,80% em moeda local e fechando no patamar dos 94.603 pontos. No campo internacional, o grande destaque das correções das bolsas foi a realização no setor de tecnologia, após meses consecutivos de alta e renovações de máximas históricas. FED e BCE mantiveram juros inalterados e sinalizaram continuidade de políticas monetárias expansionistas, enquanto o Congresso Americano segue debatendo novo pacote de auxílio econômico. Na Europa, tivemos alguns países reportando uma segunda onda de casos de Coronavírus, com destaque a Inglaterra. Já no cenário doméstico, o campo político-econômico ganhou os holofotes, com as discussões em relação ao teto de gastos, criações de novos impostos e divergências sobre o programa Renda Cidadã, impactando negativamente o mercado devido a elevação das preocupações quanto ao rigor fiscal. Apesar do segundo mês consecutivo negativo, seguimos otimistas e enxergando upside na bolsa no segundo semestre, pelos seguintes motivos: (a) efeitos da pandemia começam a se dissipar globalmente, (b) estímulos econômicos seguirão aumentando, (c) economia brasileira e global continuarão o ritmo de recuperação, (d) existência de uma agenda de reformas a ser cumprida, (e) dividend yield médio das companhias do Ibovespa (4,5%) pela primeira vez na história acima da Selic e (f) juros estruturais baixos, o que tende um movimento de migração de renda fixa para renda variável. Os maiores gestores de ações do Brasil seguem otimistas no médio/longo prazo, tendo inclusive reaberto seus fundos para novas aplicações. Para o final do ano, as casas de análise enxergam um upside de aproximadamente 20%.


A carteira de ações MZR teve uma performance de -6,2% no mês, contra -4,8% do Ibovespa. Por ter uma maior exposição ao setor de tecnologia via Magazine Luiza e Via Varejo, apesar de serem nomes que superaram bem o índice no ano e estão em campo positivo, no mês de setembro seguiram os movimentos globais e tiveram correções acima do Ibovespa. Contribuiu também para o movimento o anúncio de um novo centro de distribuição da Amazon, reforçando sua estratégia no Brasil. Petrobrás segue pressionada mais um mês (-10,4%) com o julgamento do STF de venda das refinarias por meio de suas subsidiárias, enquanto Lojas Renner (-8,6%) segue sofrendo com o baixo volume de vendas de suas lojas físicas. No campo positivo, Vale (+2,9%) acompanhou a força do preço do minério de ferro, dada a forte recuperação da China.

FIIS

O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) apresentou uma alta de 0,46% em setembro, após alta de 1,8% no mês passado. Enquanto o setor de logística seguiu tendo uma boa performance positiva, o segmento de shoppings teve uma correção devido ao risco de uma nova onda de contaminação que implique em novas medidas de contenção, cenário visto principalmente na Europa. Vale citar também a divulgação do número de investidores em fundos imobiliários que atingiu a marca de 1 milhão em agosto/2020 (crescimento de 6,0% no mês), mostrando o crescente interesse na classe de ativos. Continuamos otimistas com o mercado imobiliário - apesar de um cenário macro desafiador do curto prazo, taxas de juros estruturais baixas favorecem o mercado em uma dinâmica nunca vista antes. No curto prazo, vemos que a crise afetou principalmente as distribuições de proventos, devido a uma menor atividade da economia, mas que, dada a precificação atual dos ativos, acreditamos ser uma boa oportunidade de comprar fundos de qualidade por um preço abaixo do valor patrimonial e gerar ganhos de capital no futuro. Por ser um mercado ainda de baixa liquidez e com um número relevante de novos CPFs como investidores, houve uma migração de recursos para o mercado acionário e uma força vendedora de volume não relevante que puxou o mercado para baixo. Vimos fundos negociados a 30% abaixo do valor patrimonial e pagando rendimentos históricos de 400% do CDI isento na cota a mercado, o que enxergamos como uma grande distorção. Fundamentos de longo prazo seguem positivos, juros estruturais seguem baixos e o imóvel não perde seu valor.


A carteira de fundos imobiliários MZR teve uma performance positiva de 0,36% em setembro, contra 0,46% do IFIX no mesmo período. As melhores performances ficaram para os fundos de logística, com o Vinci Logística e XP Log performando +4,59% e 6,94% no mês, respectivamente, além do Valora Recebíveis subindo 6,83% no mês, diminuindo a distorção de desconto frente ao valor patrimonial. O grande destaque negativo ficou para o Hedge Fundo de Fundos, caindo 5,50% no mês, uma vez que segue uma política de menores rendimentos no começo do semestre, o que assusta investidores – um fator estritamente técnico, que não altera a nossa visão no fundo.

PERFORMANCE DAS CARTEIRAS SETEMBRO

Carteira Agressiva

Carteira Moderada

Carteira Conservadora

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Este conteúdo tem propósito exclusivamente informativo e se baseia em dados estatísticos, metodologias probabilísticas, fatos concretos do mercado financeiro e em resultados financeiros apurados e nas conclusões da MZR Consultoria considerando o perfil de clientes que se adequem aos ativos e estratégias que compõem as carteiras apresentadas acima. Em nenhum momento, o conteúdo desta mensagem representa recomendações de investimento financeiro de qualquer natureza.
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