Principais indicadores: CDI +0,16%, Ibovespa -3,44%, Prefixados (IRF-M) -0,75%, Ativos IPCA (IMA-B) -1,80%, Imobiliários (IFIX) +1,79%, Dólar (Ptax) +5,14%, Multimercados (IHFA) +0,73% (28/08), S&P 500 +7,01%, Euro Stoxx +3,09% e Ouro -0,37%
O mês de agosto foi marcado pela descorrelação do Brasil com o mundo quando olhamos a precificação dos ativos. Se por um lado, a liquidez abundante, a retomada das economias e as curvas de contágio em queda animam os mercados internacionais, por outro, o mercado local sofreu a sua crise própria pelos desafios fiscais e teve desempenho negativo em quase todas as classes de ativos.
Internacional - Recordes nas bolsas, nova postura do FED e recuperação de Trump nas pesquisas
No cenário internacional, as vacinas começaram as transições da fase 2 para a 3, entrando no momento final e decisivo sobre a possível cura da doença. A curva de contágio dos EUA e do Brasil apontam claramente para um achatamento no número de infectados e nem mesmo o aumento de casos na Europa foram capazes de trazer maiores preocupações para o mercado. Agora com mais meses analisados, Ásia e Europa não possuem números de novos casos suficientes para um risco de segunda onda. Ainda sobre os EUA, Donald Trump também surpreendeu os mercados ao cogitar flexibilizações na US regulatory para tentar acelerar tratamentos considerados fora dos padrões. De qualquer forma, a corrida entre as empresas para produção da vacina continua e os prazos de entrega seguem entre final de outubro e início de novembro.
As eleições americanas é outro tema que está constantemente no radar do mercado. Neste caso, vimos uma boa recuperação do presidente Donald Trump, embora Biden ainda tenha vantagem, incluindo nos chamados “Swing States”. Biden também anunciou oficialmente a sua vice na chapa, Kamala Harris, nome bem recebido pelo mercado em um primeiro momento e que fortaleceu ainda mais o democrata nas corrida eleitoral.
As tensões entre China e EUA, tema foco em vários momentos entre os candidatos, também tiveram certo alivio. O Governo chinês se posicionou favorável em manter o primeiro acordo com os EUA, além de serem retomadas as negociações (mesmo que digitalmente) entre os países para novos temas.
Na parte econômica, os PMIs no mundo foram positivos para EUA e China (mostraram aquecimento), porém mais negativos para a Europa, puxados pelo mal desempenho de França e Alemanha. O FED (BC americano) anunciou também uma mudança de postura, deixando claro que devem manter o afrouxamento monetário por mais tempo, inclusive, até observar uma inflação acima da meta de 2%. Na parte de empregos, o discurso teve foco na criação de vagas para as classes mais baixas, sem deixar claro uma meta de desemprego. O mercado interpretou tal anuncio como uma confirmação de juros baixos por mais tempo, o que beneficiou os ativos de risco. As bolsas americanas e europeias tiveram ótimos desempenhos no mês, com recordes de pontuação no S&P500 e em Nasdaq.
Brasil – Risco fiscal, popularidade do presidente em alta e um terceiro trimestre forte
No Brasil, podemos dividir as notícias em positivas para o curto prazo e negativas para o longo prazo.
As positivas para o curto prazo estão na boa retomada da economia no terceiro trimestre, confirmando a tese da equipe econômica de uma volta mais próxima de um “V”. Dados de confiança, indicadores econômicos e até de criação de vagas seguem surpreendendo positivamente e trouxeram algum tipo de ânimo para o mercado. Durante o mês, relatório Focus foi revisado de uma previsão de PIB para 2020 próximo a -5,5%, para algo próximo de -5,20% e segue em tendência de queda. O IPCA também teve uma leve correção para cima, com alguns economistas já apostando que possa ficar perto de 1,9%.
Já a parte negativa para o longo prazo, ficou pelo noticiário político e por consequência o fiscal. A equipe econômica tenta criar um ambiente favorável de compensação dos novos gastos públicos de interesse do presidente Jair Bolsonaro. Detalhando um pouco mais o caso, durante o mês vimos a ala desenvolvimentista formada pelos ministros Braga Netto (Casa Civil), Rogério Marinho (Desenv. Regional) e Tarcisio Freitas (Infraestrutura) ganhar espaço com o presidente e com ela novos riscos para uma nova expansão de gastos públicos.
O presidente tenta ainda emplacar o novo programa de assistencialismo, o Renda Brasil, que deve substituir o bolsa família e servir como uma continuidade do auxilio emergencial anunciado durante a pandemia. Sobre esse último, importante destacar o aumento de popularidade que esta ação gerou: Bolsonaro viu a sua avaliação Bom/ótimo atingir aprox.. 37% (segundo o Data Folha e o XPIpesp) e ganhou muito espaço no Nordeste, região que ele não tinha grande penetração. Esse bom momento político gerou certo desconforto do mercado com os riscos de um governo mais “populista” em determinado momento.
Vale destacar também os números colocados pelo Tesouro e o encaminhamento da lei orçamentária pelo governo, dados que evidenciam o momento cada vez mais delicado do país na nossa parte fiscal.
O resultado foi um movimento de correção pelos investidores, com a queda da bolsa, a alta das taxas na curva de juros e a nova valorização do dólar.
Entendemos que o recado do mercado foi passar uma mensagem ao presidente: o Brasil não pode fugir das suas obrigações e deve retomar o plano de reformas neste segundo semestre e em 2021. Não há margem para aumento de gastos agora, precisamos de comprometimento e vontade para implementar uma boa reforma administrativa, reforma tributária e seguir com a agenda de privatizações (a demora trouxe como consequências alguns pedidos de demissões).
Carteiras e posicionamento MZR
Dentro das nossas carteiras, não realizamos alterações. Todos os portfólios se defenderam bem com os papéis IPCA e para alguns perfis com mais risco, tivemos bom desempenho também nas classes de renda variável global, fundos descorrelacionados (Long & Short e sistemáticos) e imobiliários. Diversificação segue sendo o nome do jogo e a chave do sucesso.
Apesar do corte de juros para 2% na taxa Selic realizado pelo Copom no começo de agosto, a curva de juros brasileira apresentou um movimento de desvalorização com a abertura em todos os seus vértices. Isso aconteceu por conta das preocupações do mercado em relação a permanência do Ministro Paulo Guedes no governo, o lento andamento da agenda de reformas e apreensão em relação aos riscos de ruptura do teto de gastos para o orçamento de 2021. Sendo assim, tivemos ao longo do mês uma elevação nas expectativas de juros futuros, através um aumento do prêmio de risco brasileiro, como reflexo da preocupação do mercado com a trajetória fiscal do país para os próximos anos.
O mercado esperava a possibilidade de mais reduções da Selic no final do mês, porém inverteu essa expectativa e passou a precificar uma manutenção dos juros no atual patamar. Como resultado disso, é possível observar uma queda na expectativa de juros ao final de 2021. Devido a tendência dos juros se manterem em níveis mais baixos, seguimos com a nossa estratégia com ativos de curto prazo e boa liquidez no mercado secundário. Lembrando que o objetivo aqui é ter agilidade para aproveitar oportunidades em outras classes de ativos e aproveitar os ativos isentos devido a eficiência fiscal quando possível.
A alta de 0,25% na divulgação do IPCA de agosto (IPCA-15), veio em linha com as estimativas do mercado que esperava um avanço de 0,24% para o indicador. Apesar do avanço positivo da inflação, a alta no ano é de 0,90% e para o período de 12 meses a inflação acumula 2,23% e permanece abaixo da meta de 4% perseguida pelo Banco Central. Embora o índice tenha atingido o segundo mês seguido no campo positivo, os resultados mostram uma retomada lenta da economia.
Continuamos enxergando uma boa oportunidade para os papeis de crédito corporativo que foram emitidos recentemente e seguem com taxas de retorno superiores a 4% ao ano, ou seja, os spreads de crédito seguem altos para empresas high grade no Brasil. O foco aqui é manter uma parcela da carteira atrelada ao indexador e assim capturar qualquer movimento mais forte de inflação. Além disso, vale aproveitar também a abertura nas taxas devido a incorporação de prêmio de risco nos ativos do tesouro atrelados ao IPCA, que servem como referência para os ativos de crédito privado.
O índice IHFA teve um desempenho de 0,25% no mês de agosto. A quebra por estratégia ressalta o bom desempenho dos multimercados macro vs outras estratégias, com um desempenho promotor para o índice de +0,20% ou aprox. 75% do resultado. Fundos considerados descorrelacionados apresentaram um desempenhos mistos, com retornos de nulos para o grupo de arbitragem, quantitativos e sistemáticos, além dos Long & short que apresentaram um retorno de 0,03% ou 12% do resultado. As posições mais voltadas para renda variável do índice via os fundos Long biased apresentaram retornos negativos, embora a média tenha sido bem positiva na comparação com o índice Ibovespa.
Seguimos confiantes com a classe de ativo para buscarmos gerações de alfa atrativas aos nossos clientes via multimercados macro mais estruturais combinamos com macro tradings e os descorrelacionados.
Após quatro meses consecutivos de alta, o Ibovespa encerrou o mês de agosto com uma perda de 3,4% (-8,2% em dólares), fechando em 99,4 mil pontos. Enquanto no cenário internacional tivemos diversos índices alcançando as máximas históricas, como o S&P500 e o Down Jones nos EUA, no Brasil as preocupações políticas e fiscais retornaram a pauta, com o aumento da preocupação do mercado em relação ao teto de gastos e tensões envolvendo a equipe econômica com outras áreas do governo. Vimos reflexo disso não só no índice Ibovespa, como também em uma desvalorização cambial e uma alta dos juros futuros longos, dado o maior prêmio de risco. Apesar do mês negativo, seguimos otimistas e enxergando upside na bolsa no segundo semestre, pelos seguintes motivos: (a) efeitos da pandemia começam a se dissipar globalmente, (b) estímulos econômicos seguirão aumentando, (c) economia brasileira e global continuarão o ritmo de recuperação, (d) agenda política mostrando sinais de melhora, (e) dividend yield médio das companhias do Ibovespa (4,5%) pela primeira vez na história acima da Selic e (f) juros estruturais baixos, o que tende um movimento de migração de renda fixa para renda variável. Os maiores gestores de ações do Brasil seguem otimistas no médio/longo prazo, tendo inclusive reaberto seus fundos para novas aplicações. Para o final do ano, as casas de análise enxergam um upside de aproximadamente 15%.
A carteira de Ações MZR superou o Ibovespa e teve uma performance positiva de 0,5% no mês, contra -3,4% do índice. Mais uma vez, tivemos uma boa performance das ações ligadas ao ecommerce (Via Varejo +5,0% e Magazine Luiza +15,5%), seguindo inclusive o movimento global de a migração para setores funcionais e com boas perspectivas de forte crescimento. Destaque também para a varejista Renner, que reportou boas prévias de resultado ao mercado, com ótima gestão de liquidez. JBS reportou resultados espetaculares e, após meses de baixa, papel teve uma recuperação de 4,2%. Na ponta negativa, bancos seguem pressionados com a preocupação de novas tarifas no setor, atuação do Banco Central e maior competitividade.
O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) apresentou uma alta de 1,8% em agosto, após queda de -2,6% em julho. Destaque para o setor de Shoppings, que apresentou retorno médio ponderado de 0,50% no IFIX, após cinco meses de quarentena e enfim todos reabertos. Vale citar também a divulgação do número de investidores em fundos imobiliários que atingiu o novo patamar de 957 mil investidores em julho/2020 (crescimento de 6,2% no mês), mostrando o crescente interesse na classe de ativos. Continuamos otimistas com o mercado imobiliário - apesar de um cenário macro desafiador do curto prazo, taxas de juros estruturais baixas favorecem o mercado em uma dinâmica nunca vista antes. No curto prazo, vemos que a crise afetou principalmente as distribuições de proventos, devido a uma menor atividade da economia, mas que, dada a precificação atual dos ativos, acreditamos ser uma boa oportunidade de comprar fundos de qualidade por um preço abaixo do valor patrimonial e gerar ganhos de capital no futuro. Por ser um mercado ainda de baixa liquidez e com um número relevante de novos CPFs como investidores, houve uma migração de recursos para o mercado acionário e uma força vendedora de volume não relevante que puxou o mercado para baixo. Vimos fundos negociados a 30% abaixo do valor patrimonial e pagando rendimentos históricos de 400% do CDI isento na cota a mercado, o que enxergamos como uma grande distorção. Fundamentos de longo prazo seguem positivos, juros estruturais seguem baixos e o imóvel não perde seu valor.
A carteira de fundos imobiliários MZR teve uma performance positiva de 2,13% em agosto, contra 1,79% do IFIX no mesmo período. As melhores performances ficaram para os fundos de shoppings com a reabertura dos estabelecimentos e de logística que, após captações recentes, performaram após suportes técnicos de preço.
Carteira Agressiva
Carteira Moderada
Carteira Conservadora
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Este conteúdo tem propósito exclusivamente informativo e se baseia em dados estatísticos, metodologias probabilísticas, fatos concretos do mercado financeiro e em resultados financeiros apurados e nas conclusões da MZR Consultoria considerando o perfil de clientes que se adequem aos ativos e estratégias que compõem as carteiras apresentadas acima. Em nenhum momento, o conteúdo desta mensagem representa recomendações de investimento financeiro de qualquer natureza.
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