A consolidação de Renan Calheiros como o mais provável candidato do MDB à presidência do Senado provocou ontem uma reação de partidos de centro e esquerda, com protagonismo do PSDB, para apresentar uma candidatura capaz de derrotar o senador alagoano. O movimento contou com a participação direta do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
A articulação pode resultar no afunilamento da disputa, hoje com 10 nomes colocados, para três candidaturas: de Renan, Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Se este quadro se confirmar, é possível que o Senado tenha uma disputa em segundo turno, o que nunca aconteceu.
Tasso, segundo interlocutores, aceita ser candidato, mas apenas se estiver seguro de que soma votos para vencer Renan em qualquer circunstância, seja com voto aberto ou fechado. Além dos oito votos do próprio partido, ele buscaria os 10 do PSD e 14 do bloco dos partidos à esquerda - exceto o PT (Rede, PPS, PDT e PSB). Com estes 32 votos encaminhados, Tasso trabalharia na sequência para angariar insatisfeitos do MDB, como a própria Simone, que não votarão em Renan; e apoios de senadores com viés mais governista. Com isso, Tasso e Doria acreditam poder alcançar uma margem suficiente para desbancar Renan Calheiros na eleição à Presidência do Senado.
O senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) disse que o bloco formado por PDT, Rede, PPS e PSB tem "conversas adiantadas" com o PSDB de Tasso e admitiu a possibilidade de apoio ao tucano, um ex-aliado que se converteu há muitos anos em adversário político local dos Ferreira Gomes no Ceará.