Proposta para Previdência é ponto de partida, diz Capital Economics

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A proposta do governo para a reforma da Previdência, apresentada nesta terça-feira ao Congresso, é ambiciosa, mas serve apenas de um ponto de partida até sua aprovação, na avaliação dos especialistas da Capital Economics.

“O plano de reforma da Previdência do governo brasileiro, divulgado hoje, atende as expectativas elevadas e é provável que sustente o rali nos mercados locais nas próximas semanas”, diz William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes na Capital Economics, em relatório. “Mas a história sugere que o processo legislativo pode levar tempo e acabará por resultar na proposta sendo diluída a partir de sua forma atual.”

Agora, o maior desafio é avançar com a proposta no Congresso. “O governo de Jair Bolsonaro, pelo menos, parece disposto a acelerar a aprovação do projeto e está disposto a gastar capital político para fazê-lo”, diz o economista da Capital Economics.

O plano atual visa obter uma economia de R$ 1,16 trilhão na próxima década, o que está de acordo com o ponto médio das estimativas de R$ 1,0 trilhão a R$ 1,3 trilhão que o governo havia feito anteriormente. Economias nessa escala provavelmente resultariam em um índice de dívida pública estabilizando-se em torno de 90% do PIB em meados da década de 2020, em comparação aos 80% atuais. “Sem qualquer reforma, estimamos que a parcela da dívida pública aumentaria inexoravelmente, atingindo cerca de 140% do PIB até ao final da próxima década”, dizem.

Por outro lado, com o Congresso altamente fragmentado e a coalizão de Bolsonaro aliada a políticas sociais mais do que econômicas, parece improvável que a reforma passe em sua forma atual. “Nosso melhor palpite é que a economia geral provavelmente será de 50% a 60% em relação à anunciada hoje, o que, neste caso, faz o índice de dívida pública aumentar lentamente, atingindo cerca de 110% do PIB até 2030.”

O relatório aponta que, do ponto de vista de sentimento do mercado, uma reforma que gere economia de menos de R$ 500 bilhões seria malvista, enquanto uma economia superior a R$ 700 bilhões seria bem recebida.


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