Carta Mensal Novembro 2021

Cartas Mensais

RESUMO NOVEMBRO

Principais indicadores:

Locais: CDI +0,59%, Ibovespa -1,53%, Prefixados (IRF-M) +1,83%, Ativos IPCA (IMA-B) +3,47%, Imobiliários (IFIX) -3,64%, Dólar (Ptax) -0,46%, Multimercados (IHFA) +0,13% (29/11)

Internacionais: MSCI Global: -2,3%, S&P 500 -0,83%, Euro Stoxx -2,64%, MSCI China -5,67%, MSCI EM -3,90%, Ouro -0,53%, Petróleo -20,81% e Minério de ferro -6,40%

MACRO

Em um mês de reviravoltas, os mercados internacionais tiveram retornos mais para o lado negativo ou sem ganhos em meio à ameaça da nova cepa sul-africana da COVID-19. Os mercados desenvolvidos seguem ainda acompanhando de perto os riscos inflacionários e ao juntarmos os temas, o cenário não ficou favorável para ativos de risco no período. No Brasil, a PEC dos precatórios caminhou de maneira lenta e o mercado já precifica baixo crescimento da economia para 2022, com inflação já no teto da meta.

Internacional : A pandemia volta a assombrar os mercados e a mudança de comunicação do FED

Seguem as atualizações dos temas globais considerados como os mais importantes na visão do nosso Family Office:

  • Pandemia : Em meio a um processo de vacinação estagnado nos países desenvolvidos, vimos o mercado se assustar com a descoberta de uma nova cepa, dessa vez com origem na África do Sul. Poucos estudos foram divulgados ainda, mas o que já sabemos é que há uma grande chance dela se disseminar com mais velocidade, porém sendo menos letal do que a variante Delta (indiana). As primeiras duas semanas de dezembro prometem ser muito voláteis, devido aos depoimentos dos representantes das vacinas pelo mundo. Devemos ter uma estabilização no noticiário e um melhor mapeamento do ocorrido após a divulgação dos testes de eficácia para essa variante em específico.
    A principal preocupação hoje é a Europa, que já conta com diversos casos confirmados de contágio pela nova variante, mas os dados evidenciam que a grande maioria das pessoas infectadas são do grupo que não tomaram a vacina. Culturalmente há um desafio grande em relação à vacinação em massa na região. Sendo assim, prevemos conflitos sociais maiores daqui pra frente, à medida que as lideranças políticas discutem obrigar a vacinação para a população adulta.
  • Economia Global: (i) A economia americana segue apresentando bons números, os dados de PMI de serviços e industrial seguem fortes e mesmo quando olhamos no micro, dados de varejo e os resultados das empresas seguem robustos. A grande mudança de cenário está no discurso do FED, que começou a trabalhar com uma comunicação de inflação “mais permanente” e “menos transitória”. Powell foi novamente indicado (dessa vez por Biden) à cadeira do FED e após os últimos dados de inflação, vimos uma mudança clara na postura dos membros do BC americano. O CPI de 12 meses já está acima de 6% (maior número em 30 anos) e com a manutenção do presidente do banco central americano as apostas por mais altas de juros já em 2022 aumentaram significativamente (conforme o gráfico):

Precisamos observar se a variante sul africana será capaz de mudar a estratégia prevista pelo FED, mas no momento o cenário de juros mais altos nos EUA, atingindo já em 2023 o mesmo nível de juro pré-pandemia, parece realidade.
(ii) Vimos também a região da zona do Euro com dados em linha, mas diferente do FED, o BCE segue muito confortável em afirmar que a inflação por lá deve ser transitória. É sempre importante observar os dados de Alemanha e França com mais detalhes e podemos encontrar uma dificuldade maior de a economia seguir em forte retomada, à medida em que a inflação pressiona o repasse de preços ao consumidor. Por fim, a variante nova já está com muito mais força na região e as possibilidades de lockdowns voltam a colocar em risco os dados econômicos na região. Importante considerar, também, que o Reino Unido parece seguir mais o caminho dos EUA e do Canadá, com as discussões de início de aperto monetário se intensificando bastante no curto prazo.
(iii) Os mercados emergentes seguem buscando o aperto monetário como solução à inflação, as commodities possuem alta representatividade na economia desses países normalmente, o que torna mais natural a antecipação do ciclo de aperto monetário nesses países. Ao longo do mês vimos a Colômbia e o Peru subirem mais 50bps cada um e em dezembro esperamos que mais países realizem ajustes nessa magnitude.
(iv) Na China, os dados econômicos vieram em linha com o esperado e vimos os líderes políticos sinalizarem uma mudança no ciclo de aperto monetário, podendo até mesmo voltar a aumentar estímulos na região. O país sempre esteve "à frente do ciclo” global na nossa visão, ou seja, podemos observar novidades positivas via uma política de afrouxamento monetário.


Brasil: 2021 virou um voo de galinha

Para quem não acreditou em uma volta em “V”, ela de fato aconteceu. O que surpreendeu foi na verdade a sequência da economia, que criará um gráfico de “raíz quadrada” (conforme o gráfico a seguir). Sendo assim, o voo de galinha de 2021, foi o último suspiro de um país que mais uma vez crescerá próximo de zero ou até mesmo negativo em 2022, com uma inflação já próxima do teto da meta no mesmo período, segundo as projeções do mercado.

Sobre o fiscal, a PEC dos precatórios, aprovada na Câmara dos Deputados e em votação no Senado, deverá abrir um espaço na casa de 106 bilhões de reais em 2022, sendo talvez a última cartada do presidente em busca de uma melhor aprovação da população. O auxílio de 400,00 reais está praticamente sacramentado e com ele o rompimento do teto, ferramenta fundamental que garantiu uma inflação em níveis controlados para o longo prazo com compromisso fiscal.
Via as nossas apresentações semanais enviadas aos clientes, temos colocado um resumo sobre o noticiário eleitoral que já está bem aquecido. Recomendamos a leitura desse slide semanalmente como forma de acompanhamento dos clientes e estamos à disposição para criarmos os cenários em conversas individuais.


CARTEIRAS E POSICIONAMENTO

Não realizaremos mudanças na carteira para dezembro. Entendemos que o aumento da exposição em ativos de renda fixa, via ativos pós fixados, será fundamental para um melhor risco-retorno dos portfólios. Sabemos das dificuldades sócio-econômicas do país em momentos de juros altos, baixo crescimento e inflação acima da meta, mas, como rentistas, há uma grande oportunidade de aumentar a previsibilidade da carteira e criar um retorno mais consistente mesmo em um ano de eleição. O ano de 2021 nos surpreendeu muito negativamente, infelizmente o cenário de retomada foi destruído por uma contratação de descontrole fiscal futura e antecipação do cenário eleitoral já no meio do ano. Para as carteiras locais, priorizaremos a gestão ativa nas classes de risco mais elevado combinadas aos ativos e renda fixa que aumentamos ao longo dos últimos 2 meses.

Por fim, nossa carteira offshore, segue entregando resultados consistentes e a diversificação geográfica com moeda forte se tornou fundamental para os portfólios das famílias ao longo do ano. Seguimos otimistas com equities globais e devemos fazer trocas na parcela de renda fixa por estratégias que se beneficiem dos juros altos com inflação acima da média histórica em países desenvolvidos.

RENDA FIXA : JUROS NOMINAIS E REAIS (PRÉ-FIXADO / INFLAÇÃO)

Ainda que as indefinições fiscais tenham permanecido e as expectativas de inflação estejam cada vez mais desancoradas, observamos ao longo do mês de novembro o fechamento das curvas de juros locais, dado este que não acontecia ao longo dos últimos quatro meses.

As discussões da PEC dos precatórios seguiram para o Senado ainda em novembro, mas sem uma definição clara, embora Rodrigo Pacheco tenha sinalizado sobre a importância da votação do tema. No mais, o índice IPCA-15, prévia do IPCA, levou o indicador a uma alta de 1,17%, principalmente concentrada no tema do aumento do preço da gasolina. Para 12 meses, o indicador possui alta acumulada de quase 11%. Além disto, as contínuas pressões inflacionárias continuam a trazer a tona sobre o nível de aumento da Selic na próxima reunião do BC. A tendência é que tenhamos uma nova alta de 150 pontos base no próximo compromisso da instituição.

De acordo com o boletim Focus, as perspectivas para a Selic seguem em 9,25% para 2021 e 11,25% para 2022. Para o cenário de inflação, de acordo com o relatório, projeta-se um IPCA em 10,15% vs. 9,17% da leitura há 4 semanas. Esta é a trigésima quarta alta consecutiva para o indicador. Para 2022, o mercado já projeta uma inflação acima da meta do BC, com número em 5% no fechamento do ano que vem.

O índice IMA-B acumula perdas de 1,42% em 2021, embora tenha tido um mês de novembro bastante positivo, com alta de 3,47%. Para os vértices mais longos, o IMA-B5 sofre ainda mais no ano, com perdas acumuladas de 6,17%, mas com fechamento significativo das taxas no mês passado, tendo em vista o ganho mensal de 4,47%.

CRÉDITO CORPORATIVO

Do ponto de vista do crédito corporativo, a volatilidade dos ativos em novembro reduziu na comparação com outubro, seguindo o movimento da curva de juros local. O cenário menos incerto em relação ao ciclo de aperto monetário, com sinalizações mais claras da alta da Selic por parte do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, contribuiu para um fechamento dos spreads nominais. Somado a isso, o surgimento da variante Ômicron da Covid-19 tem potencial para retirada da pressão inflacionária. Por outro lado, do ponto de vista do spread de crédito das companhias houve pouca variação, já que, após um ano de forte redução do prêmio de risco corporativo, o mercado secundário deve entrar em 2022 com spreads já normalizados. Isso se traduz no carrego dos fundos de crédito, que durante meses apresentaram taxas bem acima de seus respectivos targets de rentabilidade, mas agora esses valores convergiram significativamente. Ainda assim, os fundos de renda fixa continuam sendo uma ótima opção no contexto atual e seguem com demanda elevada por parte dos investidores. Segundo o levantamento realizado pela Anbima, a captação líquida em novembro desta classe foi de R$ 36,7 bilhões, a maior deste ano.

Em relação aos ativos atrelados à inflação, os rendimentos no mês foram bastante em linha com os de seus títulos públicos de referência, já que os spreads de crédito de maneira geral apresentaram apenas uma leve abertura. Mesmo com ameaças desinflacionárias trazidas pela variante Ômicron, ainda é muito cedo para assumir um cenário de menor alta de preços no ano que vem, por isso a classe segue como uma boa opção de proteção. Para isso, as ofertas primárias seguem como a melhor alternativa de entrada. No mercado secundário enxergamos algumas oportunidades em papéis high grade com duration de 3 a 6 anos, dado que a curva de juro real segue achatada e há uma escassez de novas emissões com essas características. O índice de debêntures Anbima atrelado à inflação (IDA-IPCA) mais do que compensou a queda em outubro, subindo 3,15% no mês, frente a 3,47% do IMA-B. No ano, os índices apresentam rentabilidades de +4,91% e -1,49%, respectivamente.

Na parte pós-fixada o movimento das taxas foi mais uma vez de fechamento à medida que o ciclo de alta de juros se torna cada vez mais claro e a demanda dos investidores por tais instrumentos é cada vez maior. Seguimos priorizando as alocações nesta subclasse, porém as opções estão cada vez mais escassas, dado que são cada vez mais raros papéis com rendimento bruto próximo de 120% do CDI, tanto de crédito corporativo como de títulos bancários. Portanto, os fundos de crédito são uma ótima opção, por garantirem um carrego elevado para os próximos meses, além de boa liquidez. Em outubro, o índice de debêntures da JGP atrelados ao CDI (BRIDEXCDI) encerrou em alta de 0,7% (114,2% do CDI) e acumula um ganho de 7,3% no ano (198,4% do CDI).

A respeito dos ativos prefixados seguimos receosos, visto que nossos problemas fiscais seguem sem uma definição.

RETORNO ABSOLUTO

O índice IHFA trouxe retorno de 0,22% ao longo do mês de novembro. Em nosso universo de cobertura de fundos da indústria multimercado, observamos bom desempenho na classe de long&short neutro, com performance média de 0,71% na média e 0,54% na mediana. A categoria, na média, soube aproveitar bem oportunidades em valores relativos. Ainda com retorno positivo, os fundos multimercados macro dinâmicos entregaram na média 0,51% de ganhos, com mediana pouco abaixo em 0,41%.

Em território negativo, dado o quinto mês consecutivo de baixa do índice Ibovespa, os fundos com maior exposição à bolsa local tiveram os piores retornos do mês passado. A classe de long&short direcional/total return apresentaram desempenho médio negativo de 2,21% com mediana em baixa de 2,31%. Outro detrator da categoria retorno absoluto foram os fundos descorrelacionados (quantitativos, sistemáticos, event driven). Na média, a categoria apresentou queda de 1,39% e mediana em baixa de 1,04%. Por fim, os macroestruturais andaram na média de lado, com retorno positivo de -0,40% e mediana em -0,15%.

Obs.: dados do IHFA atualizados até o dia 29/11

RENDA VARIÁVEL LOCAL

Pelo quinto mês consecutivo, o Ibovespa fechou no vermelho, reportando uma queda de 1,5% em novembro (1,4% em dólares). Considerando os últimos 5 meses, o Brasil apresentou a pior performance da América Latina, acumulando queda de 20% em reais ou 29% em dólares. Principais destaques do mês foram a continuidade da deterioração das variáveis econômicas (aumento do IPCA projetado 21 de 9,0% para 10,2% e 22 de 4,5% para 5,0%, aumento da projeção de fim de ciclo da Selic de 10,25% para 11,75% já em março 22 e revisão do PIB para o próximo ano para patamares abaixo de 1 dígito), decisão do governo de alteração da lei de teto de gastos (principal âncora fiscal do país) para abertura no orçamento do programa auxílio Brasil e surgimento de nova variante de Covid ômicron impactando a performance das bolsas globais nos últimos dias do mês. Olhando para os participantes do mercado, enquanto os investidores estrangeiros seguem ingressando recursos, os investidores institucionais locais e pessoas físicas retiraram recursos pelo quarto mês consecutivo, dado os riscos macros e volta da atratividade da renda fixa. Após as correções consecutivas, enxergamos o Ibovespa ex Petro e Vale negociando a um P/L projetado de 12 meses de 10,1x, o equivalente a um desvio padrão abaixo de sua média histórica. Mais do que isso, o prêmio de risco das ações calculado pelo inverso do P/L menos as taxas de juros reais estão hoje em 4,8x, mais de um desvio padrão da média de 2,5x (algo visto apenas na crise de 2008). Evidentemente o cenário para o próximo ano eleitoral tende a ser bem volátil, mas os múltiplos acima descontados reforçam a visão de bom ponto de entrada para o investidor com paciência e perspectiva de longo prazo que busca retornos positivos – momentos de turbulência historicamente são os melhores pontos de alocação, ainda mais considerando que do ponto de vista micro as empresas vem performando bem e com ótima estrutura de capital.

A carteira de ações MMZR teve uma queda de -6,4% em novembro, contra -1,5% do Ibovespa. Os grandes impactos negativos foram concentrados em 3 papéis: Natura (-31,4%), Magazine Luiza (-27,8%) e Rede D’Or (-15,0%). Natura, um dos papéis mais presentes nas carteiras dos grandes gestores, acabou frustrando o mercado após a divulgação dos resultados com um guidance de margens da divisão da Avon abaixo do esperado – dado que as possíveis sinergias com a companhia ainda não estão precificadas. Magazine Luiza, por sua vez, apresentou vendas e margens abaixo do esperado no 3T21, somado a aumento de provisões com o cenário macro mais desafiador. A Rede D’Or, por fim, apesar de ter apresentado resultados excelentes, inclusive anunciando novas aquisições e novos estados de atuação, foi bem penalizada com o aumento do custo de capital com a abertura de juros. Entendemos que os 3 nomes possuem excelente track record, pessoas e governança top tier e sólida estrutura de capital para enfrentar o cenário macro atual adverso. São empresas que tendem a continuar sendo referências nos setores respectivos de atuação, o que deve refletir no preço dos papéis em uma janela de longo prazo.

FIIS

O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) apresentou queda pelo quarto mês consecutivo (-3,64% em novembro), sendo essa a maior retração mensal desde março de 2020. Apresentou um dividend yield médio de 10,5% nos últimos 12 meses (crescimento de 0,8% vs outubro) e uma liquidez média diária ponderada de R$ 3,9 milhões. No mês, as piores performances foram nos setores de galpões (-8,6%) e Lajes (-7,4%), enquanto os fundos de recebíveis tiveram o melhor desempenho (-2,2%). Dado a escalada de juros dos 2% a.a. no ápice da pandemia para uma projeção de dois dígitos já no início do próximo ano, investidores pessoa física vem buscando classes mais defensivas. Vemos isso claramente na performance negativa dos fundos de tijolo no ano, enquanto os fundos de CRI vem apresentando retornos positivos e rendimentos crescentes. Em cenários de incerteza com juros e inflação altos, essa classe tende a performar melhor com a boa indexação de seus ativos mobiliários. Enxergamos uma forte assimetria de preço de cota nos fundos de tijolo, em sua maioria negociando abaixo do valor patrimonial, mas reconhecemos que no cenário de curto médio prazo os fundos de CRI tendem a continuar apresentando uma performance melhor. Por tal motivo, taticamente estamos concentrando novas alocação em fundos imobiliários nos fundos de papéis, de forma a surfar o ambiente de juros altos de forma mais defensiva – especialmente fundos com carteira atrelada ao CDI.

A carteira de fundos imobiliários MMZR teve uma performance de -5,5% em novembro, contra -3,6% do IFIX no mesmo período. Grande destaque negativo foram os fundos de logística, com performances de -12% no Vinci Logística, -10% no Bresco Logística e -7% no XP Logística, dado que era o setor com o menor desconto frente ao valor patrimonial. Investidores estão liquidando posições a qualquer preço e priorizando classes mais conservadoras, considerando o cenário de juros altos. Neste mês, inclusive os fundos mais defensivos de recebíveis performaram mal (Habitat -4% e Hectare -2%), mas nesse caso são fundos em processo de captação, onde é comum uma cota mais pressionada para convergir ao preço da oferta.

RENDA VARIÁVEL GLOBAL

O que prometia ser mais um mês recorde para o desempenho dos principais índices americanos, impulsionados pelo resultados robustos das empresas e fortes indicadores econômicos, acabou sendo interrompido por receio em relação à nova variante do Coronavírus (Ômicron) surgida na África do Sul e por falas mais hawkish (a favor da retirada de estímulos) de dirigentes do Fed. O medo em relação às consequências causadas pela variante tiveram maior impacto nas empresas cíclicas e com isso o índice Dow Jones apresentou queda mensal de 3,73%. Por outro lado, o índice de tecnologia conseguiu encerrar o mês no positivo, apresentando leve alta de 0,25% e o S&P 500, protegido por alta representatividade das empresas de qualidade mais capitalizadas, caiu 0,83%, substancialmente a menos do que as quedas de outros índices globais. Dados fortes de inflação divulgados em meados de novembro impulsionaram as taxas de juros de 10 anos do Treasury, que chegaram a atingir 1,64%. Porém, temores acerca de uma redução no ritmo de atividade conforme a disseminação do vírus fizeram com que as taxas de juros caíssem substancialmente, encerrando o mês em 1,5%. Por esse motivo o principal destaque positivo do mês foi o setor de tecnologia, apresentando alta de 4,5%, enquanto os setores financeiro e de energia foram os mais impactados negativamente (a queda do segundo acentuada pelo declínio de mais de 20% no preço do petróleo), com queda de 5,7% e 5%, respectivamente. 

Na Europa, os principais índices apresentaram queda mais brusca. Apesar do momento positivo dos resultados corporativos, os preços relfetiram novos surtos do Covid, ritmo mais lento de expansão econômica e interrupções nas cadeias de fornecimento. Até o momento, 75% das empresas do Eurostoxx 600 divulgaram seus números, com cerca de 60% excedendo a expectativa de lucros e lucros crescendo em média 42% ao ano, com destaques positivos sendo os setores de energia, industrial e de materiais. A volatilidade aumentou no final do mês, e o Euro Stoxx encerrou em queda de 4,41%, refletindo as incertezas e novos casos da variante Ômicron que surgiram na região. Na Alemanha, o índice Dax encerrou em baixa de 3,75%, em Londres o índice FTSE caiu 2,46% e na França o CAC recuou 1,60%. Na China, intervencionismo estatal e zero tolerância ao Covid seguem fazendo preço. O Governo do país solicitou aos executivos a deslistagem das ações da Didi (dona da 99 Táxi) da Bolsa de Nova Iorque, alegando falta de segurança de dados dos usuários, o que acabou impactando no preço de outras ações da região. O índice CSI caiu 1,56% no mês, índice de Hong Kong apresentou queda de 7,49% e o índice de Xangai subiu 0,47%. Por fim, o Nikkei (índice das ações japonesas) recuou 3,71%. 

A Carteira de Ações da MMZR apresentou queda de 6,48% no mês contra uma queda de 2,51% do índice MSCI World Countries. Os principais detratores da carteira no mês foram as ações da Alibaba, Disney e Visa, com quedas de 22,7%, 14,3% e 8,5%, respectivamente. Por outro lado, as ações da Amazon foram os destaques positivos do mês, subindo 4%. As ações da Alibaba performam mal no mês, impactadas pelos resultados divulgados que vieram abaixo do esperado e não animaram os mercados. Apesar da empresa apresentar crescimento de 29% nas receitas, o ambiente macro mais desafiador de menor consumo da população fez com que a empresa reduzisse expectativas de crescimento da principal linha de negócio nos próximos meses. Do lado positivo, a empresa atingiu 1,24 bilhão de usuários ativos (+5% a.a.) e apresentou forte crescimento no segmento de computação em nuvem, representando hoje 10% da receita. As ações da Alibaba acumulam queda de 46% no ano, o que enxergamos como ponto de entrada em uma empresa com forte crescimento que negocia a múltiplos baixos. Catalisadores de recuperação da ação devem ser um ambiente macroeconômico mais favorável e com menos influência regulatória. A segunda maior detratora da carteira no mês foram as ações da Disney, outra empresa que teve seus resultados divulgados. A empresa decepcionou na adição de novos usuários no segmento de streaming, uma das principais avenidas de crescimento da empresa e que deve ajudar na expansão das margens dada a alta escalabilidade do modelo de negócios. A empresa atingiu 118 milhões de usuários ao final do terceiro trimestre de 2021, contra uma expectativa de 125 milhões, mas a empresa segue com meta de atingir entre 240 e 260 milhões de assinantes até 2024. Somando isso, temor a respeito da disseminação da variante Ômicron (atrasando os efeitos positivos da reabertura no segmento de parques) impactaram as ações no período. Do lado positivo, as ações da Amazon valorizaram com ajuda da alivida das taxas de juros longas nos Estados Unidos e anúncio de aumento das taxas cobradas nos serviços para os vendedores na plataforma. Seguimos com visão positiva em renda variável global dado que as empresas devem seguir com crescimento robusto nos lucros (apesar de menor que 2020) o prêmio de risco ao investir na bolsa é positivo (olhando pela diferença do Earnings Yield e Juros de 10 anos) e a economia dos principais países desenvolvidos deve crescer nos próximos anos. Os principais riscos a monitorar é a inflação e consequentemente retirada de estímulos dos principais bancos centrais antes da expectativa. Diferentemente de 2021, a geração de retorno em 2022 deve ser muito mais voltada pela capacidade de escolha dos ativos (stock picking) do que estar comprado nos índices.

CRÉDITO OFFSHORE

No mercado de crédito Offshore houve certa apreensão em novembro em relação a abertura da curva de juros americana, diante de discursos em tom mais hawkish do Presidente reeleito do Federal Reserve, Jerome Powell, demonstrando que a inflação pode não ser tão transitória assim. Além da oficialização do início de retirada de estímulos, o diagnóstico apresentado na ata do FOMC reforça a visão do mercado de que a alta de juros deve ocorrer não mais na virada do terceiro para o quarto trimestre, mas entre junho e julho. A apreensão em relação a inflação se intensificou após a leitura do CPI de 12 meses acumulando a maior alta desde 1990, o que levou a curva de juros 2 anos do treasury a tocar os 0,63% na máxima do ano. Nesse mesmo dia, os juros da T-Note de 10 anos avançava de 1,54% no início do mês, para 1,67%. Porém, com as ameaças da nova variante Ômicron, a pressão sobre a alta de juros no país arrefeceu e a curva como um todo fechou na última semana do mês, com os juros longos cedendo a 1,43%.

Esse movimento trouxe bastante volatilidade para o mercado de bonds americano. Os ativos high yield, que ao longo do ano apresentaram boa performance em momentos de maior inclinação da curva de juros, iniciaram o mês no campo positivo, mas acabaram apresentando uma correção no final. O US Corporate High Yield Index cedeu 0,79%. Já os ativos high grade foram mais resilientes. Seu índice representativo, o Barclays Global Aggregate, recuou 0,29%. A diferença entre ambas as classes no ano é bastante expressiva. Enquanto os ativos high grade apresentam queda de 4,6%, os high yield detém alta de 3,3%. Com a redução da expectativa inflacionária, os Senior Loans sofreram correção em novembro, o índice S&P U.S. Leveraged Loan 100 Index cedeu 0,49%. Os REITs sofreram com ameaças de novos lockdowns pelo mundo, sendo assim, o Dow Jones U.S. Real Estate Index caiu 2,38%.

 Os mercados emergentes também foram afetados pelo avanço da Covid na Europa devido a fuga de capital para as economias desenvolvidas, comum em momentos de maiores incertezas. O ETF de bonds emergentes, JPM Emerging Markets Bond (EMB) recuou 2,20%. Na Ásia, a China ainda não conseguiu eliminar os problemas no setor imobiliário, o que pressiona o PBOC para um aumento na oferta de crédito. Como consequência disso, o ETF de dívida de países asiáticos, JPM Asia Credit Bond, cedeu 0,79%.

INVESTIMENTOS ALTERNATIVOS

Quando o acesso ao investimento é um recurso escasso, o maior retorno fica disponível apenas para quem tem acesso a esse recurso, e geralmente quem tem acesso é quem tem mais capital disponível para investimento, como por exemplo, fundos de pensão, seguradoras e clientes de altíssima renda.  É natural, dada a lei da oferta e demanda, que os melhores produtos sejam mais concorridos, mas o que o investidor individual pode fazer para ter acesso aos melhores fundos e produtos disponíveis no mercado, sendo que muitas vezes não fica nem sabendo das oportunidades?

Se não pode contra eles, junte-se a eles.  Essa frase se aplica neste contexto, porque, a melhor estratégia para acessar produtos destinados aos investidores institucionais é se tornar um deles.  Há no mercado uma forma de fazer isso, através dos fundos de fundos.

Os fundos de fundos, como o nome diz, são fundos que possuem como principal habilidade selecionar e alocar capital nos melhores gestores de fundos disponíveis no mercado.  Como o fundo de fundos agrega o capital de diversos investidores individuais, acaba ganhando tamanho suficiente para poder fazer frente aos grandes investidores na disputa por um pedaço na alocação desses fundos.  Aliado a isso, o gestor do fundo de fundos, também possui anos de experiência dedicados a identificar nas gestoras de recursos a capacidade de se destacar nos retornos e, mais importante, manter as condições de que esses retornos vão se perpetuar no longo prazo.

Seres humanos são naturalmente movidos por incentivos, e um ponto importante para a geração de resultados em equipe é que todo o time esteja alinhado com os mesmos interesses em comum: gerar retornos para os seus investidores e, obter satisfação profissional – e esse último engloba em parte a remuneração.

No lado da geração de retornos, é importante que o gestor saiba fracionar entre ganhos próprios e ganhos dos clientes. É justo que o gestor cobre uma taxa de performance caso atinja além dos objetivos de retorno esperados, mas as taxas não podem ser altas o bastante em detrimento dos cotistas, mas também não podem ser baixas de forma com que a remuneração devida da equipe seja insuficiente. 

Pelo lado da satisfação profissional, considerando que o principal ativo de uma gestora de recursos é o seu capital humano, e garantir que os profissionais em todos os níveis estejam motivados e não saiam no longo prazo é crucial.  Sabemos que os retornos históricos não são garantia de retorno futuro, mas como o capital humano é em grande parte responsável pelo resultado histórico, podemos dizer que, essa variável é condição de contorno importante, ceteris paribus, na probabilidade de que o retorno futuro seja semelhante ao passado.

Por isso o gestor do fundo de fundos precisa entrar no detalhe das gestoras de recursos que vão gerir os fundos a serem investidos, entendendo quais são as políticas de incentivos, e sabendo identificar nas entrelinhas o que os entrevistados não tem interesse em compartilhar, e esse processo minucioso de análise é conhecido no mercado pelo nome de due diligence.

Por esse motivo, um fundo de fundos cobra taxas por esse serviço prestado, de seleção e acompanhamento dos fundos investidos, por uma ótica que muitas vezes o investidor individual não consegue analisar.

A grande reclamação contra os fundos de fundos é de que eles cobram uma camada de taxa adicional, além das taxas que os investidores já pagariam ao acessar os fundos diretamente, mas isso pode ser contornado dado que:

·         Ao pagar o gestor para fazer a análise e seleção dos fundos, os retornos no investimento tendem a ser maiores para os investidores do que uma seleção que fosse feita por um investidor leigo.

·         Os fundos de fundos por entrarem com cheques grandes nos fundos investidos, geralmente possuem um poder maior de barganha para negociar taxas que o investidor individual não teria caso investisse sozinho.

·         Gestores de fundos de fundos têm acesso a ferramentas de mercado que facilitam na análise dos produtos que os investidores individuais pagariam um custo alto para ter acesso.

·         Gestores dos fundos de fundos conseguem um espaço na agenda dos gestores dos fundos investidos para fazer a análise de due diligence, que um investidor individual não conseguiria.

 E o que isso tem a ver com investimentos alternativos?

Acesso escasso e investimentos mínimos altos são características principais do mercado de investimentos alternativos e, por isso, faz muito sentido para o investidor procurar fundos de fundos que atuem com essa classe de ativos.


RESULTADO CARTEIRAS



Caso queira saber mais sobre nossos serviços entre em contato

Este conteúdo tem propósito exclusivamente informativo e se baseia em dados estatísticos, metodologias probabilísticas, fatos concretos do mercado financeiro e em resultados financeiros apurados e nas conclusões da MMZR Family Office considerando o perfil de clientes que se adequem aos ativos e estratégias que compõem as carteiras apresentadas acima. Em nenhum momento, o conteúdo desta mensagem representa recomendações de investimento financeiro de qualquer natureza.
Para obter uma recomendação de investimento personalizada da MMZR Family Office acesse nosso site mmzrfo.com.br e entre em contato conosco.

Outras Publicações