Principais indicadores:
Locais: CDI +1,03%, Ibovespa +4,69%, Prefixados (IRF-M) +1,15%, Ativos IPCA (IMA-B) -0,88%, Imobiliários (IFIX) +0,66%, Dólar (Ptax) -0,95%, Multimercados (IHFA) +0,46%
Internacionais: MSCI AC: +6,86%, S&P 500 +9,11%, Euro Stoxx 600 +7,64%, MSCI China -9,50%, MSCI EM -0,69%, Ouro -2,51%, Petróleo -7,39% e Minério de ferro -2,74%
Após um primeiro semestre extremamente complicado para os ativos globais, finalmente vimos um mês com forte recuperação nos preços dos ativos. Não podemos ter certeza da frase “o pior já passou", mas sem dúvidas, há uma maior probabilidade para que o Soft landing nos EUA de fato aconteça. Nesta carta, vamos tentar comentar sobre essa probabilidade e o que isso pode significar daqui pra frente, além de novas atualizações quanto ao conflito entre Rússia-Ucrânia e o cenário local.
Seguem as atualizações dos temas globais considerados como os mais importantes na visão do nosso Family Office:
CENÁRIO INTERNACIONAL : Update do conflito entre Rússia e Ucrânia, a decisão do FOMC e o cenário de de possível recessão global
CENÁRIO LOCAL: Os últimos suspiros do atual governo e os desafios do próximo presidente
Após aprovação das últimas PECs no congresso, podemos dizer que nos resta agora acompanhar o impacto na economia real. Os combustíveis já estão com preços menores na bomba, o que deve gerar até uma deflação nos próximos dados do IPCA em virtude do teto do ICMS implementado. Além disso, a PEC “Kamikaze” (como foi apelidada) criará um aumento no auxílio Brasil a partir de agosto, trazendo aproximadamente 2 milhões de novos beneficiários, somando no total 20 milhões de contemplados. A estratégia no curto prazo ainda envolve criar novos cortes de impostos para turbinar a economia às vésperas das eleições, estratégia-chave do executivo para tentar reverter a posição de segundo colocado, segundo as pesquisas.
A situação é no mínimo inusitada, temos um fiscal “pisando forte no acelerador” e o BC tentando ser o “freio” via um ajuste monetário cada vez maior. É difícil imaginar uma Selic parando de subir, quando o desemprego segue caindo (menor nível desde 2015, em 9,3%) e o fiscal ainda sendo afrouxado pelas medidas comentadas acima. O resultado deve ser de um 2023 com atividade mais fraca, inflação acima do teto e uma necessidade alta de um forte ajuste nas contas públicas.
Se não podemos prever o vencedor dessa eleição presidencial ainda, o que podemos imaginar é um ano de caos para o orçamento público. Ambos os candidatos vão abrir o mandato tentando encaixar um Auxílio Brasil de 600,00 de forma permanente, algo que já coloca o cenário fiscal em uma perspectiva extremamente negativa para o futuro. Nenhum dos dois favoritos da disputa presidencial está preocupado em evidenciar o seu plano econômico de governo, o que coloca ainda mais incerteza quanto aos próximos passos.
Nos portfólios locais, vimos as carteiras moderadas e agressivas apresentaram excelentes resultados diante do cenário global mencionado acima. As posições em equities locais e globais tiveram forte desempenho e puxaram os resultados do mês. O destaque negativo ficou para a classe de juros reais, que foi detratora no período diante do contexto fiscal mais desafiador e do carrego da inflação mais fraco. A partir de agosto, decidimos realizar a entrada da estratégia de crédito global com hedge cambial, reduzindo parte da parcela de juros reais do portfólio. Vale lembrar que seguimos otimistas as posições em juros, porém aumentamos essa convicção via os prefixados nos últimos meses.
Já para os portfólios internacionais, tivemos ganhos em praticamente todas as classes de ativos, com exceção a parcela de equities dedicada às ações chinesas. Os principais promotores foram as estratégias de equities nos mercados desenvolvidos, o setor de tecnologia representado por gestores no portfólio e a renda fixa com foco no crédito high yield. Dentre as mudanças, realizamos apenas algumas trocas de nomes na parcela de crédito high yield visando uma maior duration na subclasse.
Sendo assim, estamos:
(i) otimistas com o carrego das posições em CDI de duration até 4 anos, IPCA para uma duration intermediária (entre 4 e 6 anos) e com uma maior proporção em ativos prefixados de duration curta (entre 3 e 3,5 anos);
(ii) aumentando a parcela de Retorno Absoluto nos portfólios moderados e agressivos para capturar via gestão ativa as estratégias de bolsa, commodities, arbitragem, juros e moedas internacionais, etc;
(iii) sem mudanças nas posições em Renda Variável local, mas enxergando que há um nível de assimetria importante para uma a alta de preços em breve
(iv) montando proteções na parcela de renda variável internacional, após a alta recente e a captura desse retorno dos portfólios. No curto prazo, ainda acreditamos em um cenário com volatilidade conforme a divulgação dos dados;
(v) neutros para Fundos Imobiliários, praticamente zerando todo o portfólio de tijolo para ativos de recebíveis diretamente, porém já enxergando um potencial mais tático em alguns fundo de fundos devido ao nível de preços;
(vi) otimistas com as oportunidades em empresas fora do ambiente de bolsa, via bons gestores da indústria de Private Equity e Venture Capital; e
(vii) otimistas com a classe de crédito global, montando posições com hedge cambial nos portfólios locais em virtude do alto carrego das carteiras dos fundos e do CDI;
No mês de julho, tivemos muita volatilidade nas curvas de juros locais. A maior apreensão em relação a (i) políticas monetárias na Europa e nos EUA, (ii) queda na atividade americana no segundo trimestre e (iii) o pessimismo do investidor local em relação ao aumento dos gastos fiscais, como o auxílio Brasil de 600 reais, fez com que o mercado precificasse um aumento significativo nos juros locais em toda a extensão da curva. A leitura do IPCA-15 de julho foi de alta de 0,13%, abaixo do consenso de mercado de 0,16%. Apesar da leitura nominal positiva, a quebra do indicador foi desanimadora. A queda reflete muito mais as medidas “artificiais” em preços administrados impostas pelo governo para conter os preços de energia elétrica e de combustíveis no curto prazo, enquanto a elevação de serviços indica que a inflação segue bastante disseminada. No ano, o IPCA acumula alta de 5,49%, acima do teto da meta de inflação.
Por outro lado, a última semana trouxe certo alívio, em função de um discurso de Jerome Powell – após alta de 75 pontos-base na taxa do Fed Funds – bem recebido pelo mercado. Dados locais do mercado de trabalho também contribuíram para a recuperação das curvas. A taxa de desemprego reduziu a 9,0%, indicando forte geração de emprego no período.
O resultado de toda a reviravolta ao longo do mês foi a manutenção da curva de DI futuro em patamar muito próximo ao observado no final de junho, ainda acima dos 13%. O IRF-M apresentou alta de 1,15% e acumula valorização de 3,4% ao longo dos últimos 12 meses. Já a curva da NTN-B apresentou abertura na ordem de 20 bps nos vértices intermediários e movimentação mais aguda na parte curta. Chamou a atenção a baixa demanda pela subclasse nos leilões do Tesouro ao longo do mês. Em duas ocasiões houve adesão abaixo de 80%, provocando forte abertura dos pregões. O IMA-B encerrou em queda mensal de 0,88% e acumula alta de 3,3% em 12 meses.
Acompanhando o movimento dos títulos públicos de referência, os ativos de crédito locais apresentaram abertura de spreads no mês, principalmente aqueles atrelados à inflação. O spread de crédito médio das debêntures que compõem o JGP Idex subiu 2 bps a CDI+1,74%. Com isso, o rendimento do índice foi em linha com o de junho (1,14% ou 109,8% do CDI). No ano a rentabilidade é de 7,86% (121% do CDI) e tem justificado o aumento da exposição à classe feita no início do ano. Em termos de fluxo, a captação dos fundos de renda fixa segue elevada. Dados da Anbima neste mês apontam para uma captação líquida de 21,6 bilhões de reais, retratando a busca por proteção dos investidores. No ano, a captação líquida dos fundos da classe totalizam 122 bilhões de reais.
Dentre as subclasses de crédito corporativo, os ativos pós-fixados seguem bastante atrativos em função do carrego do CDI elevado. As discussões de prolongamento da taxa Selic em patamar elevado ganharam ainda mais tração à medida que o mercado descartou a possibilidade de cortes de estímulos fiscais como o Auxílio Brasil de 600 reais no ano que vem. Vale ressaltar o caráter defensivo dos ativos pós-fixados para conter a volatilidade das carteiras em cenários como este. O IDA-DI apresentou alta de 1,13% e acumula 11,65% em 12 meses. Seguimos privilegiando papéis com duration mais curta (até 3 anos) e exposição a subclasse por meio de fundos de crédito High Grade e fundos de FIDC de cotas sênior e mezanino.
Julho foi mais um mês em que os ativos atrelados à inflação foram penalizados pela abertura de taxas das NTN-Bs de referência e pelo carrego mais baixo do IPCA. O IDA-IPCA apresentou queda de 1,04% em julho, mas acumula alta em 12 meses de 7,9%, bem acima dos 3,3% do IMA-B. Por outro lado, a abertura de taxas proporcionou bom momento de compra de ativos com baixo risco de crédito a patamares de juro real acima de 6% isento. Já o mercado primário deu uma certa arrefecida no último mês. A perspectiva é que a proximidade das eleições reduza o volume de emissões no curto prazo. O reflexo das leituras de IPCA no mês foi uma redução na estrutura a Termo da Taxa de Juro (ETTJ) estimada pela Anbima, que retornou a patamares mais próximos a 6% (em julho estava ao redor de 7%). Ainda acreditamos haver um bom ponto de entrada para a subclasse e meses como este evidenciam a importância de não alongar tanto a duration das carteiras. Seguimos posicionados em uma duration média entre 3 e 5 anos.
Para os prefixados, a forte volatilidade da curva gerou oportunidades de alocações em patamares de taxas jamais vistos no ano. Papéis de bancos médios oferecem boa relação risco-retorno, pagando rendimento bruto próximo a 16% ao ano e com garantia do FGC. Seguimos mapeando essas oportunidades para o horizonte médio de 3,5 anos.
O índice IHFA trouxe retorno de 0,09% ao longo de julho. No acumulado do ano, o indicador demonstra valorização de 8,42%, com alta de 7,80% ao longo dos últimos 12 meses.
Em nosso universo de acompanhamento, envolvendo mais de 130 fundos, a subcategoria com melhor desempenho foi a long&short neutro (15 fundos mapeados), com retorno médio de 1,27% e retorno de 1,11% na mediana. Em segundo lugar, a subcategoria que apresentou melhor retorno foi a long&short direcional/ total return (14 fundos mapeados), com retorno médio de 1,26% e retorno na mediana em 1,25%. No mais, fundos da subcategoria descorrelacionados (17 fundos) apresentaram retorno médio de 1,20% com mediana em 0,88%. Ainda, a subcategoria com segundo pior desempenho entre os pares foi a de macroestrutural (30 fundos), que entregou em julho desempenho de 0,39% na média e retorno na mediana em 0,11%. Por fim, a subcategoria com pior desempenho ao longo do mês, foi a de macro dinâmicos (39 fundos), com desempenho médio de 0,18% e mediana em 0,54%.
Obs.: Dados do IHFA até o dia 26/07
Em julho, o Ibovespa subiu 4,7% (+4,8% em dólares), em linha com os mercados globais que apresentaram performance positiva (S&P +9,1% no mês). Puxado principalmente na última semana do mês, os mercados se beneficiaram de resultados das empresas que têm vindo melhor que o que se temia, além de um posicionamento e sentimento que já estavam muito negativos. No ano, o Brasil continua como uma das melhores bolsas do mundo, com um retorno de +5,5% em dólares até agora, mas tal gap vem se fechando bem desde o final do primeiro trimestre.
Destacamos os seguintes fatos no mês de julho:
Apesar do cenário desafiador, dados de atividade econômica doméstica mostraram sinais de resiliência neste primeiro semestre, justificando o movimento de revisões para cima nas projeções para o PIB de 2022. Tal movimento segue refletindo bem nos resultados das empresas da bolsa, muitas deles reportando excelentes e recordes números, atreladas a uma estrutura de capital desalavancada e bem posicionada frente aos concorrentes menores – maior exemplo em Petrobrás, que anunciou o pagamento de mais de R$ 88 bi em dividendos no trimestre, um yield equivalente de 20% no período. O lado positivo disso é que, consequentemente, o Ibovespa negocia hoje aos menores múltiplos desde a crise de 2008 (7,3x P/E 2022 ex Vale e Petro), desconto de 2 desvios-padrões abaixo da média histórica. Olhando para o prêmio de risco, medida para comparar os rendimentos dos ativos contra as taxas de juros reais, o nível encontra-se em 5,1% contra uma média histórica de 2,6%, indicando mais um desconto e possibilidade de apreciação da bolsa (dois primeiros gráficos abaixo). Outro ponto que corrobora a tese de que boa parte do risco já esteja precificado é a tabela abaixo, sendo uma simulação construída pelo Santander em nível de Ibovespa considerando crescimento de lucro por ação para o próximo ano e juro real. O Ibovespa nos níveis atuais projetam um juro real em 7,5% e uma queda de lucro de 25% para o próximo ano, patamares que entendemos estarem bem exagerados – atingimos esse juro real apenas em 2015, quando tivemos uma crise fiscal e cenário político muito mais profundos, em tese.
Para esse terceiro trimestre, grande evento serão as eleições presidenciais no Brasil. Conforme estudo abaixo, na média a volatilidade aumenta nos 3 meses que antecedem o evento, o que reforça a tese de cautela e importância de um portfólio equilibrado.
Dois pontos que contribuíram para uma nova alta seriam: (a) resultados de empresa acima das estimativas atuais e/ou (b) juros reais mais baixos vindos de um controle inflacionário. Quanto aos principais riscos: (a) deterioração do cenário fiscal local e/ou (b) movimento de aversão ao risco global com juros de longo prazo americanos em patamares maiores do que o projetado. Dado o cenário de juros reais mais altos, as casas de análise revisaram a estimativa do Ibovespa para o final do ano: o Itaú BBA trabalha hoje com uma previsão de 110 mil pontos, enquanto a XP 120 mil pontos. Do nosso lado, seguimos positivos no cenário local via stock picking, no qual entendemos que existem as maiores assimetrias e possibilidades para superar o Ibovespa.
Dada a assimetria histórica de múltiplos e bons dados das empresas no micro, os dados indicam ótima janela de entrada com uma perspectiva de longo prazo, entendemos que a estratégia de acertar o “fundo do poço” não seja a melhor alternativa nesses momentos. Uma estratégia de aportes divididos em janelas distintas se mostra historicamente como a melhor estratégia de investimento.
A carteira MMZR de ações teve uma performance de +5,7% contra +4,07% do Ibovespa no mês. Grande destaque ficou para as ações da Petrobrás, que no mês subiram 22,3% após registrarem alta de mais de 16% na última semana com a divulgação dos dados operacionais do 2T22. A companhia anunciou dividendos de R$ 88 bilhões no trimestre, equivalente a um yield de 21% no período – superando as estimativas mais otimistas, que giravam entre 15-20%. Na ponta negativa, o “par júnior” do setor, a 3R, reportou queda de 3,2%, seguindo a correção do Brent que no mês caiu 4,64% a US$ 103,97/barril. Entendemos que a queda de mais de 30% do papel desde o pico em maio seja exagerada, abrindo inclusive uma ótima janela de entrada. Brent segue +35 YTD e não enxergamos hoje oferta o suficiente para sustentar uma queda estrutural nos preços no médio prazo. Papel já negocia a 20% de desconto frente aos pares internacionais, com um risco de execução inferior. Não realizamos mudanças para esse mês.
Após um término de primeiro semestre extremamente desafiador para investidores de renda variável global, os índices acionários americanos demonstraram uma forte recuperação no primeiro mês subsequente ao fechamento. Mesmo em meio a um aumento de 75 pontos base na taxa básica de juros americanos pelo Fed para entre 2,25% e 2,50%, na quarta elevação do ano e preocupações com recessão, o S&P 500 apresentou em julho a maior alta mensal desde novembro de 2020. Vale ressaltar também a divulgação dos resultados das empresas referente ao segundo trimestre, na qual 56% das empresas do índice apresentaram seus números e a maioria vêm surpreendendo positivamente o consenso dos analistas. Das 277 empresas que reportaram resultados, 73% surpreendeu em termos de lucro por ação e 66% surpreendeu em termos de receita. Resultados melhores do que o esperado contribuíram para que a expectativa de crescimento nos lucros das empresas no segundo trimestre seja 6,0% na comparação anual, contra uma expectativa de 4,0% ao final de junho. Em julho, o principal índice acionário norte americano apresentou alta de 9,1% e recuperou parcialmente as perdas acumuladas ao longo do ano. A alta foi generalizada por todos os 11 setores do índice, com destaque para as empresas de consumo discricionário (+18,4%), tecnologia (13,5%) e energia (9,7%). Impulsionado pelo fechamento dos vértices acima de 2 anos da curva de títulos públicos americanos, vimos uma ótima recuperação das empresas de alto crescimento, representada pela valorização de 12,4% do índice Nasdaq. Já o índice Dow Jones, composto por 30 das mais tradicionais empresas dos Estados Unidos, subiu 6,7% no em julho.
Na Europa, as bolsas também apresentaram uma forte recuperação ao longo do mês, com o Euro Stoxx avançando 7,3% e acumulando queda de 13,9% no ano. Olhando para as principais regiões, destaque ficou para a bolsa de Paris, com o CAC 40 avançando 8,9% no mês. Em Frankfurt, a bolsa avançou 5,5% e em Londres a alta foi de 3,5%. O índice de Tokyo também apresentou forte alta, com Nikkei 225 avançando 5,3%. Por outro lado, os índices chineses apresentaram uma forte correção, com quedas generalizadas na medida que investidores mensuram os impactos dos lockdowns chineses na economia e receios em relação ao setor imobiliário no país. Com isso, o CSI300 caiu 7%, o HK50 caiu 7,8% e o SSEC encerrou em baixa de 4,3%.
A carteira de ações globais da MMZR apresentou uma alta de 7,2% no mês de julho, levemente acima do índice MSCI AC, que valorizou 6,9% no período. Destaque positivo para as ações da Amazon (+27,1%), que teve a melhor performance mensal desde abril 2007, impulsionada por uma alta de 10% no dia após a divulgação dos resultados do segundo trimestre. Os resultados vieram acima da expectativa nos principais segmentos, divulgou guidance de crescimento acima do esperado e demonstrou preocupações com orçamento, ao anunciar redução de 99 mil funcionários (para 1,52 milhões), após quase dobrar o número de colaboradores durante a pandemia. O faturamento no trimestre foi de USD 121,2 bilhões (USD 119,1 bilhões estimado), um crescimento de 7% frente ao ano passado e a expectativa é faturamento entre USD 125 bilhões e USD 130 bilhões no terceiro trimestre (USD 126,4 bilhões estimado). Destaque para o crescimento de 33% no braço de nuvens (AWS), que faturou USD 19,7 bilhões e contribuiu com USD 7,7 bilhões dos USD 3,3 bilhões que a empresa gerou de lucro operacional. Por fim, o lucro por ação foi negativo em USD 0,20, impactado por uma perda de USD 3,9 bilhões no investimento em Rivian, cujas ações apresentaram queda de 49% no segundo trimestre. As ações da Apple (+18,9%) também contribuíram de forma positiva para o desempenho da carteira. Os números do segundo trimestre vieram acima das expectativas, apesar de uma desaceleração frente aos desafios que a empresa encontra com fornecimento, fortalecimento da moeda norte-americana e possível queda de demanda por parte dos consumidores. O faturamento no trimestre foi de USD 83 bilhões (USD 82,8 bilhões estimado), uma alta de 2% em comparação com o ano anterior. O maior destaque veio do segmento de serviços, cujas receitas cresceram 12% no ano para USD 19,6 bilhões. A Apple segue não oferecendo um guidance para o próximo trimestre, mas a expectativa é de aceleração na receita, apesar de um ambiente econômico desafiador.
A terceira maior alta da carteira foram as ações da Disney (+12,4%), impulsionadas pelos resultados melhores do que o esperado da Netflix (28,6%), líder global do segmento de streaming. A Netflix divulgou seus resultados em meados de julho, onde investidores estavam atentos ao número de assinantes adicionados/perdidos na plataforma ao longo do trimestre. A expectativa era de uma redução de 2 milhões de assinantes (guidance da própria empresa), resultado da perda no poder aquisitivo dos consumidores e aumento da competição no setor. O número veio melhor do que o esperado e com a perda de 1 milhão de usuários no trimestre a empresa encerrou o período com 220,7 milhões de assinantes. Por outro lado e na contramão da carteira, as ações da Alibaba (-21,4%) foram as principais detratoras no mês. Em linha com a queda dos principais índices acionários da região e preocupações frente à desaceleração da economia chinesa, as ações sofreram com a inclusão por parte da SEC em uma lista de empresas que podem ser desligadas da bolsa de Nova Iorque por falta de transparência nos relatórios financeiros. Um avanço no processo já era amplamente esperado pelo mercado, mesmo assim deparamos com uma reação bastante negativa por parte dos investidores, mesmo com medidas por parte da empresa no direcionamento de acessar milhões de investidores chineses via uma listagem primária na bolsa de Hong Kong.
O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) reportou em julho alta de 0,66% no mês, após queda de -0,88% em junho. O índice XPFT, índice de fundos imobiliários de tijolos da XP, apresentou queda de -2,02% e o XPFP, índice de fundos imobiliários de papel da XP, apresentou alta de 1,69%. Esses últimos superam bem o cenário atual inflacionário/juros altos, considerando a indexação do portfólio ao CDI ou IPCA, ambos em dois dígitos hoje. Fundos com essa característica estão no campo positivo no ano em sua grande maioria, entregando rendimentos mensais acima de 1% ao mês, líquidos de imposto de renda – sendo assim a classe com maior yield (14,5% a.a., na média).
Ao longo do último ano vimos um aumento considerável no número de emissões de títulos de dívida (principalmente CRIs), sendo que 59% do volume total captado via ofertas públicas foi levantado por fundos de recebíveis no ano passado. Inclusive, os fundos de investimento são os principais investidores de CRI do mercado, registrando participação de 62,5% das ofertas em 2021, vide gráficos abaixo. Olhando para 2022, essa tendência continua sendo observada nas ofertas primárias com maior foco nos fundos de recebíveis.
Partindo desse pressuposto, seguimos concentrando a estratégia em fundos de dívida, de forma a surfar o ambiente inflacionário e de juros altos de forma defensiva – especialmente via fundos com carteira atrelada ao CDI nesse curto prazo, indicador que vem entregando um carrego de curto prazo melhor se comparado ao IPCA. Vemos inclusive uma tendência de preferência nos fundos com portfólio mais concentrado no CDI, considerando menores rendimentos nos fundos com carteira de inflação daqui pra frente. Dentro disso, hoje recomendamos a alocação em fundos de dívida com carteira diversificada, de forma a mitigar riscos de oscilação dos indicadores no curto prazo.
Fundos de tijolo hoje negociam com forte desconto frente ao valor patrimonial e alguns até abaixo do custo de reposição, sendo aqui uma boa oportunidade de ganho de capital a longo prazo. Taticamente, porém, estamos concentrando novas alocações em fundo de dívida, pois entendemos que um acirramento do cenário inflacionário/juros altos pode impactar ainda mais negativamente tais fundos – enxergamos que teremos um momento mais claro e seguro de entrada na categoria, visando ganho de capital.
A carteira de renda teve uma performance de +1,0% no mês, contra +0,7% do IFIX. Conforme mencionado acima, destaques positivos foram para os fundos com carteira 100% CDI (RZAG11 +4,0% e VGIR11 +3,8%) e ou com boa alocação do portfolio no indicador (RZAK11 +3,7% e RBRY11 +3,9%). Ao longo do último mês, fizemos 2 trocas:
- KNSC11 x RBRR11: Apesar de gostarmos do KNSC11 no longo prazo, nos próximos meses ele pode vir a entregar rendimentos menores por um ponto contábil. Enquanto algumas casas utilizam o regime de caixa para apuração dos resultados mensais, a Kinea utiliza o regime de competência. Em linhas gerais, nesse regime o fundo consegue entregar resultados melhores em um cenário de alta do indexador (no caso, IPCA), mas ao mesmo tempo piores em cenário de desaceleração. O RBRR11, por sua vez, é a estratégia High Grade da RBR e oferece uma série de atributos que gostamos: alta liquidez, boa diversificação CDI/IPCA, boas garantias, baixo risco de crédito e baixa volatilidade.
- CPTS11 x CPTI11: Ambos são fundos de dívida da Capitania, mas o primeiro possui aproximadamente 1/3 da carteira em FIIs. Nossa estratégia hoje é pautada em uma concentração em dívida, então optamos por migrar para o FIP de Infraestrutura da mesma gestora, que possui um portfólio de debêntures incentivadas e vem entregando rendimentos anuais de 16,93% a.a.
As classes de crédito globais apresentaram uma retomada bem significativa na reta final de julho, amenizando as perdas no ano. Até a última semana do mês, o viés era mais pessimista com a economia americana entrando em recessão técnica (segundo trimestre consecutivo de queda no PIB) e a surpresa na decisão de forte aperto de 0,5% na taxa de juros por parte do Banco Central Europeu. Porém, a reunião do FOMC no fim do mês foi determinante para reverter a visão dos agentes do mercado. Powell afirmou que a economia do país já começa a dar sinais de desaceleração, apesar de isso ainda não ter refletido nos dados de trabalho e inflação, e que já acredita que o banco central tenha entrado em território neutro de juros. Daqui para frente, considera ser apropriado desacelerar o ritmo das altas, a depender dos dados econômicos. O reflexo desse discurso nos treasuries foi um forte fechamento na parte curta de 2 anos, que chegou a tocar o patamar de 3,25% no high do mês, mas cedeu a 2,89%. A parte longa recuou de 2,98% no mês anterior a 2,67%, impulsionando os ativos de crédito global. Dentre as classes, destaque para o High Yield americano. Com o mercado voltando a acreditar em um possível soft landing, os ativos com maior risco de crédito (US Corporate High Yield Index) retomaram 5,9% em julho, mas ainda se encontram bastante descontados em relação ao início do ano (queda de 9,1%). Os ativos high grade (Barclays Global Aggregate Index) subiram 2,57% no mês e agora a queda anual é de 12,1%. Uma classe que tem sido bastante visada pelos fundos de crédito global é a de produtos estruturados (CLO, CMBS, AMBS), já que se encontram em patamares de spread bastante atrativos e contam com bom nível de garantias. Os Senior Loans também têm demonstrado boa resiliência por seu caráter pós-fixado. O S&P U.S. Leveraged Loan 100 Index apresentou alta de 3,10% no mês e a queda no ano é de apenas 2,55%. Já o setor imobiliário (Dow Jones U.S. Real Estate Index) subiu 8,78% no mês e no ano cai 14,41%. Diante do carrego alto do CDI, observamos um excelente ponto de entrada em fundos de Renda Fixa global para as carteiras locais na versão com hedge, já que o cupom cambial garante o carrego do diferencial de juros entre os países (acima de 10%) e ainda permite aproveitar o fechamento dos spreads dos países desenvolvidos.
O crédito de países emergentes segue com fluxo reduzido diante da aversão a risco dos investidores. Outro fator importante a ser levado em consideração é o cenário na China. Além das constantes aberturas e fechamentos das atividades no país devido a persistência de surtos de Covid, o governo tem apresentado dificuldade em lidar com a redução da oferta de novas moradias e a inadimplência do setor passa a ser uma preocupação global. Apesar disso, a melhora na percepção de risco dos países desenvolvidos colaborou para a retomada dos índices. O ETF representativo dos mercados emergentes, JPM Emerging Markets Bond (EMB), teve alta de 3,25% em julho, mas cede 17,6% no ano. O JPM Asia Credit Bond subiu 1,17% no mês e cai 12,2% no ano. Por mais que o cenário ainda seja desafiador, os bonds Latam seguem em patamar historicamente atrativo, justificando a alocação para investidores que tolerem a volatilidade no curto prazo.
O mercado de participações ilíquidas desde sua origem sofre de falta de informações públicas, local e internacionalmente. No mercado americano, pelo fato de ser mais maduro, já existem algumas plataformas consolidadoras de informações sobre esses mercados, porém 100% dependentes dos cotistas dos fundos, o que gera um nível de confiança reduzido. Como o mercado brasileiro é bem mais recente, datando os primeiros fundos de Private Equity dos anos 1995 em diante e dos fundos de Venture Capital de 2005 em diante, essas informações sobre ciclos, safras de fundos e deals específicos são bem mais escassas.
Um estudo divulgado no mês de julho com elaboração pela Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) em conjunto com o Insper e a Spectra Investimentos, consolidou uma série de dados de retorno por safras e estabeleceu o guidance de retorno por quartil no cenário dos fundos locais. Anteriormente, para ter um guidance da qualidade do retorno por safra, os investidores locais tinham que se basear em dados das safras do mercado americano, assim não sendo a proxy ideal, tendo em vista as diferenças nas dinâmicas de mercado entre os países, além do grau de maturidade dessa indústria e nível de tecnologia.
Acreditamos que dois gráficos desse estudo, além de alguns números, valem ser ressaltados para termos fresco em nossa memória quando formos pensar em expectativa de retorno para esse mundo de ilíquidos no mercado brasileiro. O gráfico acima traz a importante validação da consistência dos retornos dos fundos de venture capital versus os fundos de private equity, já que os níveis de risco assumidos são maiores, por investirem em tecnologias mais arriscadas, disruptivas e de menor maturidade, assim exigindo mais retorno como prêmio por esse risco adicional. Lembrando que os fundos e Private Equity, em geral, investem em companhias da economia real, com grau de risco menor e num nível de maturidade da companhia bem mais elevado, que numa economia instável e com diversas crises como a brasileira poderia gerar uma rentabilidade maior para essas empresas, não premiando o investidor por obter risco adicional, o que seria uma anomalia de mercado.
O segundo gráfico que vale ressaltarmos, mostra como as médias de retorno e os retornos dos fundos do 1º quartil no mercado americano são consistentemente superiores aos fundos locais, assim exemplificando o grau de maturidade mais elevado e nível de tecnologia mais alto e escalável das companhias americanas. Tal dado também reforça a importância de diversificação geográfica na classe de ativos ilíquidos, bem como deve ser feito em todas as classes.
Por fim, na nossa visão, pelo fato desse mercado estar cada vez mais difundido ao redor do mundo, além do surgimento da possibilidade de tokenização de qualquer ativo pela tecnologia do blackchain, acreditamos que ao longo dos próximos anos devemos observar uma aproximação do mercado público e do privado na questão de liquidez, o que consequentemente gerará mais informações públicas e acessibilidade à essa classe que até o momento é restrita à poucos investidores.
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