Carta Mensal Agosto 2021

Cartas Mensais

RESUMO AGOSTO

Principais indicadores:

Locais: CDI +0,43%, Ibovespa -2,48%, Prefixados (IRF-M) +0,73%, Ativos IPCA (IMA-B) -1,09%, Imobiliários (IFIX) -2,67%, Dólar (Ptax) -1,12%, Multimercados (IHFA) +0,29% (29/08)

Internacionais: MSCI Global: +2,17%, S&P 500 +2,90%, Euro Stoxx +1,98%, MSCI China -0,67%, MSCI EM +1,57%, Ouro +0,05%, Petróleo -7,37% e Minério de ferro -21,97%

MACRO

O mês de agosto foi novamente marcado por uma boa performance dos ativos de risco nos EUA e Europa, com forte volatilidade na Ásia e demais mercados emergentes. No Brasil, tivemos mais um mês de grandes correções devido a temas internos e oscilações nos mercados de commodities.

Internacional : Fed dovish em Jackson Hole, riscos de desaceleração com a variante Delta e China no radar

Seguem as atualizações dos temas globais considerados como os mais importantes na visão do nosso Family Office:

  • Pandemia : O mundo atingiu 5,2 bilhões de pessoas vacinadas, com a Europa atingindo 70% da sua população com ao menos uma dose, os EUA atingindo mais de 50% da população com ao menos 2 doses, além de certa evolução dos países asiáticos em relação às médias móveis anteriores. Durante o mês, muitos países já anunciaram a necessidade da terceira dose, principalmente para idosos e grupos de risco, tendência que deve ser global e sem grandes riscos de escassez na oferta, na nossa visão.
    Importante considerar os números de contaminados e hospitalizações que voltaram a subir nos EUA e UK com a evolução da variante Delta. Os números assustam, mas ao mesmo tempo evidenciam que a maioria dos casos se deve ao grupo que não tomou a vacina, um desafio para países que não possuem a cultura de se vacinar historicamente. O risco foi mapeado pelo mercado e, ao que tudo indica, teremos algum tipo de desaceleração quanto aos planos de flexibilização agendados até o final do ano.
  • Economia Global: O grande tema do mês para a economia global foi, sem dúvidas, o desfecho do Simpósio de Jackson Hole, onde vimos o presidente do Fed, Jerome Powell, comentar sobre os juros voltarem a subir somente em 2023 nos EUA e indicar um ritmo do tapering bem gradual e dissociado da decisão sobre os juros. Membros do FED também comentaram sobre a variante Delta exigir cautela antes de qualquer decisão e que ainda existe um longo caminho para atingimento do pleno emprego na região. Sendo assim, o mercado teve tranquilidade para voltar a apostar nas bolsas globais e vimos o S&P superar os 4.500 pontos, chegando a atingir 20% de retorno no ano.
    A Europa segue reportando dados fortes na economia, com boas chances de revisões de crescimento de PIB para cima e sem grandes pressões por parte dos membros do ECB para mudar as políticas de estímulos agora. Os ativos de risco na Europa seguem se valorizando e seguem como boa alternativa para investidores que buscam ações mais cíclicas. O ritmo de vacinação se mantém forte e vemos como risco apenas a possibilidade da inflação surpreender para acima do nível transitório previsto pelo mercado.
    Na China, vimos o mercado em queda, ainda repercutindo as últimas intervenções no setor de tecnologia e educação, somados a uma piora dos casos de contaminados pela variante Delta. Os dados mais fracos ao longo do mês levaram o mercado a revisar o crescimento dos últimos dois trimestres do ano para baixo e muitos seguem monitorando possíveis estímulos que possam ser anunciados pelo governo para tentar controlar a situação no curto prazo. Por fim, o preço das commodities foram altamente impactados no mês, em especial o minério de ferro, que chegou a reverter a alta do ano para uma perda próxima a 5%.
  • Tema especial para agosto: Qual o impacto do conflito entre EUA e Afeganistão para os mercados?:
    O tema é longo e sensível sob o ponto de vista social, mas tentando analisar de maneira fria, o impacto para o mercado pode ser dividido de duas maneiras: (I) aprovação de Joe Biden sofreu a primeira grande queda e com isso há consequências com as negociações feitas no congresso, principalmente envolvendo o novo pacote social e de infraestrutura que ainda precisa ser aprovado pela Câmara e envolve cerca de USD 3,5 tri em investimentos ao longo dos próximos anos; (II) Qualquer reversão sobre a decisão de deixar o Afeganistão poderia mudar o alívio financeiro projetado diante dos bilhões de dólares gastos para sustentar a permanência das tropas em lugares de conflitos, o fim da era dos EUA como “polícia do mundo” foi algo pedido pela população desde os tempos do presidente Barack Obama e descobriremos as consequências desse movimento ao longo dos próximos anos.

Cenário Local: Prazo para novas reformas se esgotando, Dilema dos precatórios e o risco hídrico começam a fazer preço nos mercados

Em agosto, o executivo intensificou a queda de braço com o judiciário, levando os líderes do congresso a terem que agir para controlar a situação que estava chegando a um nível extremo. Infelizmente, o presidente elevou o tom para discursos calorosos e focados na base de apoio mais extremista. O ambiente segue hostil, inclusive com muitos governadores, e o mercado monitora com atenção a capacidade de uma mobilização da população para as manifestações agendadas para 07 de setembro.

A antecipação da estratégia de polarização abala os mercados e aumenta a volatilidade dos ativos. O viés mais populista para decisões econômicas também coloca em xeque a credibilidade de Paulo Guedes, juntamente com a sua equipe. O mercado aguarda a decisão da melhor estratégia diante dos R$ 89bi previstos para gastos com precatórios em 2022. A discussão sobre entrar ou não no teto gerou muita instabilidade e seguirá sendo tema para o próximo mês.

Entendemos que a janela para aprovação da reforma tributária segue se fechando e o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, já estuda antecipar as discussões da reforma administrativa para tentar avançar com alguma pauta. O tempo é curto e o mês de setembro se torna decisivo para evolução dos temas mencionados.

Por fim, o mercado não consegue nem ao menos comemorar os bons dados de curto prazo da economia ou dos resultados trimestrais das empresas listadas na bolsa brasileira. Infelizmente, se confirmada a ausência de chuvas até outubro, teremos uma crise hídrica das mais fortes do país, podendo acarretar em (I) aumento na inflação de 2022, (II) revisão do PIB para baixo, (III) aumento do desemprego e (IV) queda da popularidade do presidente (que já não está alta). Se tratando de um ano de eleições, esse tema deve ganhar as manchetes de setembro e impactar cada vez mais os preços dos ativos locais.

CARTEIRAS E POSICIONAMENTO

Diante dos fatos evidenciados no texto macro e no resumo das classes de ativos, optamos por realizar algumas mudanças nos portfólios: (I) Aumento dos ativos pós fixados com redução da classe de fundos imobiliários nas carteiras moderadas locais, (II) Aumento da exposição em bolsas europeias (via ETFs) com redução do caixa nas carteiras offshore.

Aos poucos, reduzimos as posições locais de mais risco, à medida que vamos nos aproximando do último trimestre do ano. O aumento na classe pós fixada tem foco em ativos bancários ou de crédito privado que possam pagar entre CDI + 2% e CDI +3 para uma duration até 4 anos.
Sobre o aumento de bolsas na Europa, o racional consiste em: (I) População aprendendo a conviver com vírus, bom momento econômico apesar da variante Delta, estímulos monetários e fiscais ainda amplo, (II) Crescimento PIB 2T21: 2% (13,7% a.a.), (III) Políticas expansionistas devem seguir, com ajustes apenas graduais ao longo dos meses, (IV) Empresas reportaram bons resultados no trimestre e (V) Há ainda um bom desconto em relação ao mercado acionário americano, mesmo em relação ao desconto histórico.

Por fim, seguimos otimistas com as posições de juros reais de duration até 5 anos de ativos locais, bolsas globais com foco em países desenvolvidos e otimistas com o potencial de retorno da classe de Retorno Absoluto via fundos multimercados macro, descorrelacionados e long short.

RENDA FIXA : JUROS NOMINAIS E REAIS (PRÉ-FIXADO / INFLAÇÃO)

Agosto seguiu com a depreciação para o mercado de renda fixa local, com ambos os indicadores sofrendo uma forte queda e ampliando assim a desvalorização acumulada no ano.

O último mês deu sequência a forte pressão na curva de juros brasileira, com a parte mais curta da curva a termo precificando a trajetória da SELIC para cima por conta das expectativas revisadas de uma inflação mais alta. O último Boletim Focus apresentou um novo aumento nas projeções dos juros que passaram para 7,50% em 2021 e 2022, contra uma expectativa de 7,00% do relatório de quatro semanas atrás.

Na parte mais longa da curva, o impacto veio por conta da maior incerteza em relação ao cumprimento do teto de gastos e por conta dos atritos entre os poderes executivo e legislativo. Entretanto, tivemos um efeito parcialmente aliviado pela queda dos juros de longo prazo nos Estados Unidos após os comentários dos membros do FED em Jackson Hole.

Os principais indicadores de mercado fecharam novamente o mês no campo negativo, registrando assim a segunda queda mensal consecutiva e ampliando as perdas em 2021. O IMA-B fechou em baixa de -1,09%, acumulando uma queda de -2,17% no ano, contra uma desvalorização de -0,6% do IRF-M que apresenta um prejuízo de -2,63% em 2021.

O IPCA-15 de agosto, que é uma prévia da inflação para o mês, já deu indício de que a pressão inflacionária deve permanecer em alta ao puxar o acumulado de 12 meses para algo próximo de 9%. Por conta disto, os ativos atrelados ao IPCA seguiram com o carrego positivo, registrando assim mais uma valorização positiva no último mês quando marcados na curva. 

As taxas dos papéis mais curtos como a NTN-B 2024 e NTN-B 2026 seguem apresentando um excelente prêmio em relação aos papéis mais longos, o que nos faz continuar priorizando os títulos com duration mais curta. No entanto, os investidores já começaram a enxergar a expectativa de alta da SELIC e com isso passaram a alocar mais nesta parcela do mercado de renda fixa.

CRÉDITO CORPORATIVO

O movimento nos ativos de crédito corporativo em agosto foi semelhante ao dos meses anteriores. Apesar da forte abertura da curva, o fechamento dos spreads de crédito, diante de maior pressão compradora destes instrumentos, fez com que novamente eles apresentassem resiliência no mês. Os ativos do setor de transmissão de energia elétrica apresentaram pior performance, sobretudo na última semana do mês, com temores envolvendo a crise hídrica mais agudos. Já as usinas termelétricas acabaram se beneficiando deste contexto.

Vale destacar o enorme fluxo de capital para esta classe de ativos ao longo do ano. Segundo dados da Anbima, os fundos de renda fixa apresentaram captação líquida de 47 bilhões de reais em agosto e se aproximam de 200 bilhões no ano. Por outro lado, a captação de fundos classificados como Renda Fixa Simples e indexados aos títulos públicos foi negativa no mês. Isso retrata a procura dos investidores por ativos de crédito privado, em especial de empresas com menor risco de crédito (AAA), que seguem apresentando ótimos resultados trimestrais independentemente do cenário político e fiscal adverso.

Os papéis atrelados ao IPCA seguem sendo uma boa opção para defesa do portfólio, em função da alta inflação revisada cada vez mais para cima. Porém, o prêmio já é bem menor do que se via antes e por isso optamos por aqueles com duration mais curta, que enfrentam menos oscilações. O índice de debêntures Anbima atrelado à inflação (IDA-IPCA) teve avanço discreto no mês e no ano sobe 2,76%, bem acima da queda de 2,17% do IMA-B.

Já os ativos pós-fixados se tornaram bastante atrativos, com diversas oportunidades no mercado secundário acima de 130% do CDI bruto com duration de até 3 anos, um ótimo rendimento considerando a curva de juros atual. A tendência de maior procura por esse tipo de instrumento, à medida que o Banco Central intensifica o ciclo de aperto monetário, deve garantir ganhos com o fechamento de spreads nos próximos meses, principalmente em durations de até 5 anos. Em função disso, temos aumentado nossa exposição a pós-fixados. Em agosto, o índice de debêntures da JGP atrelados ao CDI (BRIDEXCDI) em alta de 0,82% (190,2% do CDI) no mês e acumulando um ganho de 5,11% (246,8% do CDI) no ano.

RETORNO ABSOLUTO

Observamos ao longo do mês passado um desaquecimento da economia global. Em linha com a redução de estímulos em diversos países e a preocupação constante com a variante Delta, entendemos que o pico de crescimento deve ter ficado para trás. Ainda assim, vimos as principais bolsas norte-americanas batendo novos recordes históricos. Ainda no cenário internacional, ao que tudo indica a China começa a passar por um período de desaceleração, o que deve continuar impactando de forma negativa países emergentes. No mais, o cenário local segue bastante turbulento com as indefinições na parte fiscal e o aumento dos ruídos políticos, gerando perdas no principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa. A turbulência impactou bastante todas as classes de ativos, também em linha com uma pressão inflacionária maior e uma retomada econômica ainda tímida. Em suma, gestoras em maioria seguem apostando em crescimento global forte, embora em ritmo menor do que observamos até aqui. Neste sentido, vimos os principais gestores do mercado com apostas em alta de juros nos países desenvolvidos. As alocações em ativos internacionais têm aumentado na média, à medida que os riscos locais continuam se intensificando com a aproximação das próximas eleições presidenciais. No mais, observamos também alguns gestores se posicionando para aproveitar uma alta inflacionária mais forte no Brasil e em maioria evitando uma grande aposta direcional em renda variável local.

O índice IHFA apresentou resultado de 0,19% ao longo do mês de agosto. O grande destaque da indústria de fundos multimercados ficou por conta do segmento de fundos descorrelacionados, que envolvem fundos quantitativos, sistemáticos e de arbitragem. Na média, a subcategoria entregou retorno de 0,83% no mês passado. Ainda na ponta positiva, observamos veículos L&S neutro performarem na média de 0,39% em agosto. Em nosso radar de cobertura envolvendo mais de 100 fundos a ponta negativa ficou por conta dos fundos caracterizados como Total Return/Long&Short direcional. Na média eles apresentaram retorno negativo de 0,45% e tiveram mediana de retorno em -0,24%. Por fim, fundos macro dinâmicos e macro estruturais ficaram na média muito próximo da estabilidade, com retornos acumulados de 0,04% e -0,14%, respectivamente.

*Dados do IHFA até 30/08

RENDA VARIÁVEL LOCAL

Pelo segundo mês consecutivo, o Ibovespa fechou o mês no vermelho em -2,5% a 118.781 pontos (-2,4% em dólares), tendo acumulado nos últimos dois meses uma baixa de -6,3% (-9,1% em dólares). Vimos em agosto o Brasil andar na contramão do mundo novamente, por conta primordialmente de riscos domésticos, atrelados à trajetória fiscal futura, antecipação do debate das eleições e escalada dos juros futuros. Estamos vivendo um trade off entre uma sólida história Micro, na medida em que as empresas estão reportando lucros recordes e sólidos com perspectivas positivas, contra um cenário Macro com maior preocupação. Como resultado, quando observado o múltiplo P/L (Preço/Lucro) projetado de 12 meses das ações brasileiras, ele encontra-se abaixo de sua média histórica. Porém, dada a forte alta dos juros futuros em agosto refletindo o ambiente político/fiscal de maior risco, o custo de capital para as empresas aumentou. Após um mês de julho de retiradas, os fluxos estrangeiros para o Brasil voltaram a ser positivos em agosto (+R$ 6,6 bi), retomando a tendência observada no 2T. Esse movimento, porém, não foi capaz de compensar as retiradas do institucional local e pessoa física - a alocação de ações dos investidores locais caiu de 15,6% em junho para 15,4% em julho, ainda mais alto do que o nível visto no final do ano passado e um dos mais altos desde 2010.

Apesar da deterioração do cenário macro e algumas revisões do preço-alvo do Ibovespa para baixo para o final do ano, gestores e casas de análise ainda enxergam um upside de aproximadamente 15% para o fim do ano (135 mil pontos, na média), pelos seguintes motivos: (a) setores das economias globais reportando fortes dados de recuperação, (b) estímulos econômicos sendo efetivos na manutenção da economia, (c) vacinação em massa da população adulta sendo já concretizada no terceiro trimestre, (d) economias brasileiras e globais mantendo o ritmo de recuperação, (e) existência de uma agenda de reformas a ser cumprida, (f) dividend yield médio das companhias do Ibovespa ainda em linha com a Selic, (g) empresas do Ibovespa reportando resultados recordes e sólidos do segundo trimestre de 2021 e acima das expectativas, ainda no momento de pandemia. 

A carteira de ações MMZR teve uma queda de 5,4% em agosto, contra -2,5% do Ibovespa no mesmo período. Os nomes domésticos atrelados ao consumo sofreram as maiores perdas (-17,5% em Via Varejo, -11,5% em Magazine Luiza, -9,6% em Multiplan e -7,8% em Renner), reflexo da escalada inflacionária e de juros futuros longos. Importante ressaltar que do ponto de vista micro as empresas reportaram excelentes resultados, com números operacionais já em linha com o pré-pandemia. A baixa performance dos papéis foi consequência da maior percepção de risco fiscal/político, o que afeta os preços no curto/médio prazo, abrindo uma boa janela de entrada.

FIIS

O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) teve uma performance de -2,63% em agosto, reflexo da abertura das curvas longas de juros futuros dado o cenário de maior estresse político e fiscal. O Índice de Fundos Imobiliários fechou o mês com 2.748 pontos, dividend yield dos últimos 12 meses de 8,76% e liquidez média diária ponderada de R$ 3,9 milhões. Importante ressaltar aqui que o prêmio de risco de carrego dos FIIs continua acima da média histórica, com o spread entre o cupom real do título longo e dividend yield do Ifix registra 425 bps versus média em 290 bps e, inclusive, acima de um desvio-padrão. Entendemos que o mercado pode continuar estabelecendo um prêmio de risco adicional no curto prazo em virtude do cenário mais volátil, mas esse gap deveria fechar com a 

normalização no médio e longo prazo. Em termos de valuation, os fundos imobiliários seguem atrativos, principalmente os fundos de tijolo que negociam em média com desconto em relação ao valor patrimonial e alguns abaixo de seus respectivos custos de reposição. Olhando para a frente, continuamos otimistas com o mercado que pode destravar valor principalmente com o fim da pandemia e flexibilização das restrições.

 A carteira de fundos imobiliários MMZR teve uma performance de -3,5% em agosto contra -2,63% do IFIX no mesmo período. A queda no mês foi generalizada entre os fundos de tijolos (-7,39% no Vinci Logística e -5,07% no Hedge Shoppings), reflexo da forte abertura dos juros longos e fluxo de migração de recursos de pessoa física para outras classes. Importante ressaltar que nenhum fundo da carteira sofreu alguma redução nos rendimentos mensais pagos aos cotistas, dado os portfólios de qualidade e indexação dos títulos ou contratos ao juro real. Inclusive, alguns deles vêm aumentando o valor nominal pago, como é o caso dos shoppings que vem retomando o nível de receita pré pandemia. Reconhecemos que o cenário de juros mais altos seja desafiador ao mercado imobiliário, mas a visão dos gestores é que a baixa performance da classe nos últimos 2 anos foi exagerada, principalmente pelo fato de ser um mercado com maior composição de pessoa física, onde distorções de preço ocorrem com mais frequência. Setor segue performando bem e os ativos vem conseguindo entregar bons resultados.

RENDA VARIÁVEL GLOBAL

Índices acionários globais seguem em grande maioria a sequência muito positiva no ano, com destaque para as ações americanas. Impulsionado pelos excelentes resultados das empresas, taxas de juros longas estáveis e fluxo positivo para renda variável, vimos os índices atingirem sequências de máximas históricas (S&P atingiu níveis recordes 53 vezes no ano até o final de agosto). Discurso alinhado do presidente do Banco Central americano Jerome Powell de que juros devem permanecer baixos até 2023, sendo cauteloso nos anúncios de desaceleração no programa de compra de ativos (tapering) e projeções de mais de 50% no crescimento anual dos lucros das empresas no fim do ano contribuem para as performances muito positivas dos índices. Com isso vimos o S&P500 apresentar alta de 2,90% no mês (acumulado de 20,41% no ano), o Nasdaq subiu 4,00% no mês (18,40% no ano) e o Dow Jones subiu 1,22% (15,53%) no ano. 

Na Europa os principais índices acionários também encerraram o mês no campo positivo e seguem acumulando retornos expressivos no ano. Vimos o PIB do segundo trimestre na região crescendo 2% em relação ao primeiro trimestre (13,7% anualizado), com destaques positivos sendo Itália e Espanha, países que dependem fortemente da reabertura e turismo. Na ponta negativa ficou a Alemanha, com crescimento aquém das expectativas com medidas restritivas mais duras para contenção do vírus e afetadas por falta de suprimento (semicondutores), impactando a indústria automobilística. O índice Stoxx 50 valorizou 2,62% em agosto, acumulando alta de 18,12% em 2021. Na França, o CAC 40 apresentou alta de 1,02% (20,33% no ano), Na Alemanha o DAX valorizou 1,87% (15,43% no ano) e na Inglaterra o FTSE 100 valorizou 1,24%, acumulando alta de 10,2% no ano porém ainda atrás dos níveis pré pandemia. 

Na Ásia, seguimos com noticiário de mais regulação em setores que vão desde o industrial, educação, tecnologia até limitando tempo e dias permitidos para que adolescentes joguem videogames. Em meio ao risco regulatórios, disseminação da variante Delta em países no continente e indicações de desaceleração econômica, temos visto os índices com retorno abaixo em comparação com os mercados mais desenvolvidos, mas com recuperação em relação ao mês passado. No Japão, o Nikkei 225 valorizou 2,95%, acumulando alta de 2,35% no ano. Na China os índices tiveram tons mistos: O CSI 300 apresentou queda de 0,12%, o índice de Hong Kong encerrou em queda de 0,32% e o índice de Xangai encerrou em alta de 4,31%.

A Carteira de Ações Globais da MMZR apresentou alta de 3,94% em agosto, acumulando alta de 21,5% no ano. Destaque positivo para as ações da Netflix (+10,0%), Alphabet (+7,4%), Facebook (+6,5%) e Microsoft (+6,0%). Destaque negativo do mês ficaram para as ações da Visa (-7,0%), reflexo de indícios de desaceleração econômica e cenário de maiores restrições. As ações de tecnologia apresentaram alta expressiva reflexo de uma estabilidade nas taxas de juros de 10 anos do Treasury americano (encerrando o mês em 1,31%, quase 40% abaixo do nível em abril), dos ótimos resultados apresentados no final do mês passado e beneficiando de incertezas quanto ao ritmo de reabertura da economia global.  No mês, foram apresentados os resultados trimestrais da Disney (+3,0%), que vieram acima das expectativas do mercado. A empresa reportou lucro de quase 100% acima do consenso, refletindo a abertura de quase todos os parques e crescimento acima da expectativa em adições de novos usuários no Disney +, atingindo 114 milhões de assinantes pelo mundo. As ações do Mercado Livre também apresentaram ótima performance no mês (+19,0%), reflexo dos excelentes resultados trimestrais e investimentos na operação logística. A empresa reportou números acima do consenso, demonstrando crescimento expressivo no volume de vendas (GMV +46%), volume de pagamentos transacionados através do braço financeiro (Mercado Pago), expansão na concessão de crédito e operação de logística própria. Seguimos com visão positiva em renda variável global dado o cenário de juros baixos, ótimas expectativas de crescimento de lucros das empresas no fim do ano, avanço da vacinação e ponderando como principais riscos a disseminação da variante delta, regulação governamental em empresas chinesas, inflação e surpresas negativas de dados macroeconômicos.

CRÉDITO OFFSHORE

Como já era esperado pelo mercado, a inflação americana segue elevada. Em julho a leitura do núcleo do PCE, principal indicador utilizado pelo Federal Reserve, avançou 0,3% e acumula em 12 meses expansão de 3,6%. Porém, o discurso de Powell no Simpósio de Jackson Hole foi imprescindível para manter a confiança do investidor na condução da política monetária do banco central americano. Somado a isso, o avanço da variante Delta no país retira pressões por cortes de estímulos no curto prazo. Neste cenário, o treasury de 10 anos, que chegou a atingir 1,36% ao longo do mês, se acomodou em 1,30%. Ao que tudo indica, mesmo que o processo inflacionário se intensifique, ainda é cedo para se adotar medidas defensivas nos portfólios.

Em relação aos bonds globais, as altas injeções de liquidez no mercado americano minimizam as probabilidades default das companhias e permitiram o processo de desalavancagem e alongamento de suas dívidas. Em agosto, o cenário de risk on retirou a pressão compradora sobre os ativos de crédito high grade como visto nos últimos meses, levando a procura por ativos com maior risco de crédito, mesmo que estes apresentem  spreads historicamente baixos. Em função disso, o Barclays Global Aggregate, composto por ativos high grade, recuou 0,42%, enquanto o US Corporate High Yield Index teve alta de 0,28%. Já a classe de Senior Loans segue sendo uma boa opção de proteção em relação à alta da inflação. O índice S&P U.S. Leveraged Loan 100 Index subiu 0,59% em agosto. Outra classe que segue com bastante atratividade é o mercado imobiliário americano. O Dow Jones U.S. Real Estate Index, avançou 1,98% e já acumula no ano alta de 26,5%.

Nos mercados emergentes, os ativos de crédito vêm se recuperando, apesar dos temores da escalada regulatória da China e de alguns países ainda apresentarem problemas com a variante Delta. O ETF representativo da dívida dos países emergentes, JPM Emerging Markets Bond (EMB) subiu 0,58%, enquanto o ETF de dívida de países asiáticos, JPM Asia Credit Bond, avançou 0,71%. Os spreads dos emergentes seguem bem atrativos em comparação aos bonds dos mercados desenvolvidos.

ALTERNATIVOS

Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta.  Quase todos os investidores já ouviram ou leram alguma vez essa frase e todos os que ouviram declaram seguir o conselho, não investem numa única ação ou em ações de um mesmo setor, afirmando assim ter um portfólio diversificado.  É importante destacar que o conceito de diversificação pode ser mais complexo do que se imagina.  Um portfólio possui diversas variáveis que podem ser ajustadas para aumentar ou diminuir o grau de diversificação, e são exemplos disso não só ações ou setores diferentes, mas também outras classes de ativos e até geografias.

Cada cliente possui individualmente a sua capacidade de correr riscos e ambição de retornos e para cada um existe também seu ponto ótimo que maximiza essa equação, onde o resultado esperado pode ser atingido com a menor quantidade de risco possível.  É claro que não dá para ter retornos sem correr riscos, mas também é muito importante ajustá-lo para não correr riscos que poderiam ser evitados pela diversificação.

O mercado de capitais Brasileiro evoluiu muito nos últimos anos e algumas classes de ativos, antigas para investidores institucionais, acabaram ficando disponíveis para acesso por investidores menores e é o caso dos alternativos.

Os investimentos alternativos são diferentes dos tradicionais em renda variável e renda fixa pois acessam mercados diferentes como por exemplo commodities, imóveis, obras de arte e até mesmo em empresas não listadas como startups (Venture Capital) ou até empresas já consolidadas, mas com ineficiências de gestão (Private Equity).  Por terem características específicas de cada mercado essas opções de investimento não seguem necessariamente os mesmos ciclos econômicos de retração e expansão das opções de investimento tradicionais e por isso são descorrelacionados dos mesmos.

A descorrelação, aliada à diversificação são os melhores amigos do investidor uma vez que reduzem o risco total do portfólio sem renúncia do retorno, o que otimiza o denominador da velha conhecida relação risco x retorno.

Em um cenário de juros baixos na economia Brasileira, reduz-se também a opção de retorno mais livre de risco disponível para os investidores locais que é a taxa básica de juros (conhecida também como taxa livre de risco) e que serve de parâmetro para indexação da maioria dos ativos de renda fixa, e é por isso que fica tão difícil realizar os mesmos retornos que o investidor Brasileiro estava acostumado nas últimas décadas nessa classe menos volátil.

Historicamente os mercados de Venture Capital e Private Equity, dada a falta de liquidez e prazo mais longo – e competição com a renda fixa com juros altos – foi criado para investidores institucionais como fundos de pensão e clientes com muito capital acumulado.  Dessa forma, o ticket mínimo para investimento nunca foi uma preocupação muito grande para os gestores desse mercado que fixavam valores altos de entrada para selecionar apenas os maiores clientes.

Nesse cenário de avanços regulatórios, democratização dos investimentos e sobretudo juros baixos, nós da MMZR estamos estruturando um veículo de investimento para os clientes acessarem as classes de Venture Capital e Private Equity no Brasil, que além de selecionar os melhores gestores desses fundos disponíveis no mercado adiciona um grau de liberdade a mais na possibilidade de diversificação do portfólio dos nossos clientes.


RESULTADO CARTEIRAS



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