O fluxo de recursos estrangeiros na bolsa de valores caminha para atingir a pior posição no acumulado do ano desde 1996, quando foi iniciada a série mensal da B3. Ou seja, o volume de saques da bolsa já supera, inclusive, o observado em igual período de 2008, ano da crise financeira global.
No acumulado de 2019 até 15 de agosto, dado mais recente, o fluxo de recursos estrangeiros na B3 – compras menos vendas de ações – está negativo em R$ 19,16 bilhões. É uma retirada já superior àquela registrada de janeiro a agosto de 2008, quando essa classe de investidores sacou R$ 16,53 bilhões.
As saídas neste ano vêm ocorrendo sucessivamente desde maio, com piora do ambiente internacional. Além do recrudescimento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, o mundo passou a conviver, mais recentemente, com maior medo de uma recessão global, depois de sucessivos indicadores fracos na Europa e na Ásia.
Nesse ambiente, quem ainda está sustentando a valorização do Ibovespa no ano, de 13,18%, até esta segunda-feira, são os investidores locais, entre fundos institucionais e pessoas físicas. No acumulado de 2019, também até o dia 15 de agosto, os investidores institucionais estão com fluxo positivo de recursos no montante de R$ 16,9 bilhões; a pessoa física está alocada com R$ 8,9 bilhões. Todos os dados são da B3.
“Com o juro baixo, existe uma perspectiva de continuidade da migração dos investidores locais para a renda variável e isso pode coexistir com as saídas líquidas do estrangeiro”, afirma Raphael Guimarães, operador da mesa renda variável da RJ Investimentos.
“No entanto, dificilmente isso vai garantir que o Ibovespa não passe por ajuste – o Brasil não tem como resistir a uma onda de aversão ao risco”, diz ele.
Por Juliana Machado | Valor