Reunião - Vinland Capital

Gestoras

 

Reunião realizada em 30/04/2020 com Aurelio Bicalho, Economista-chefe da Vinland Capital.

Introdução

Fundada em março de 2018 por André Laport e James Oliveira, a Vinland Capital é uma gestora especializada que atua em diversos segmentos, buscando oportunidades em diferentes classes de ativos e seguindo uma visão que vai do global para o local. Seguindo como filosofia a análise fundamentalista, a casa possui em portfólio 4 fundos, sendo dois macros dinâmicos (um mais voltado para o mercado local e outro de investimento externo), um fundo Long Biased e um Long Only.

A estrutura da Vinland possui três pilares centrais nas tomadas de decisão. Eles são: André Laport, Head de Equities e ex-sócio da Goldman Sachs; James Oliveira, Head de Juros e Moedas, ex-sócio do BTG Pactual e ex-CEO/CIO do BTG Pactual Asset Management; Aurelio Bicalho, Economista-chefe e ex-Credit Suisse. Ao todo são 28 profissionais, com 6 analistas de equities, 6 de macro e 2 de risco.

Afilosofia da casa segue uma mistura de processo colegiado com a independência e individualidade na alocação que é dada aos especialistas de cada mercado, seguindo sempre um book único. Por se tratar de uma abordagem mais dinâmica de gestão, as alterações de visão do cenário macro de prazo mais curto tendem a refletir nas movimentações dos fundos.

Aurelio Bicalho é Mestre em economia pela FGV-RJ. Iniciou seu trabalho no Itaú em 2004, tornando-se sócio entre 2012 e 2014. A partir de 2014 foi responsável pela análise econômica do fundo Gauss no CSHG, onde permaneceu até sua ida para a Vinland.

Comentários

Em nossa conversa, Aurelio compartilhou sua visão a respeito do cenário macroeconômico em que nos encontramos, assim como os prováveis desdobramentos da crise atual provocada pelo Coronavírus.

O Economista começou explicando as particularidades da crise que estamos enfrentando. Por ser causada por uma pandemia, sua dinâmica é diferente das crises globais anteriores, que foram originadas geralmente por falhas econômicas estruturais no setor bancário. Por isso, considerando um cenário de isolamento que não perdure por muitos meses, é bastante razoável acreditar em uma retomada acelerada do mercado, visto que não haveria fatores impedindo a retomada da produção e do consumo.

Além disso, as medidas fiscais e monetárias aplicadas pelos bancos centrais para gerar liquidez estão garantindo uma margem para a retomada. Nunca na história se observou uma resposta tão rápida e incisiva como a que estes órgãos vêm desempenhando.

Espera-seque esta seja a recessão mais curta que já ocorreu nos EUA, devendo se estender até junho − um total de quatro meses. Dados históricos indicam que o S&P começa a subir 3 meses antes do fim da crise e isso já vem acontecendo.

Outro fator importante a ser observado é o surgimento de novos remédios que poderiam agilizar o processo de normalização. Porém, mesmo que os remédios e vacinas demorem a chegar, é difícil imaginar que o lockdown prevaleça por muitos meses, visto que haverá um momento em que o agravamento da situação econômica da população se tornará um problema ainda mais preocupante do que o risco da saúde física.

Segundo pesquisas, isso já vem acontecendo. O apoio ao distanciamento social caiu substancialmente em São Paulo e dados apontam para cerca de metade da população já circulando.

De acordo com Bicalho, os preços dos ativos estão diretamente atrelados à duração deste distanciamento e, apesar dos temores, os estímulos de liquidez não devem ser um risco inflacionário no Brasil. Mas é preciso garantir que eles sejam revertidos ainda em 2020, não gerando gastos excessivos no longo prazo, para que não haja uma segunda crise causada por default, assim como aconteceu após a recessão de 2008.

Nas últimas semanas ainda surgiram temores de uma crise política no país. Com a saída do Ministro Sérgio Moro acompanhada de acusações de crime de responsabilidade e com as dificuldades de articulação de Bolsonaro com a Câmara,avalia-se até o início de um longo processo de Impeachment. Para o economista, a perda de popularidade do presidente − com a possibilidade de Impeachment e o aumento do desemprego − representa um risco de instabilidade no mercado. Mas ele não vê isso como uma ameaça na condução da política econômica do país, já que o presidente não vem sendo o protagonista na agenda de reformas.

As projeções da Vinland para o PIB é de que ele caia por volta de 6% neste ano, devido a recessão nos meses de março e abril, subindo 3% no ano que vem. A taxa de juros deve cair ainda mais ficando abaixo de 3%. O equilíbrio do câmbio no longo prazo deve ser com o dólar a BRL 4,90 − considerando uma situação de estabilização macroeconômica. Mas é normal que ele permaneça em um patamar superior a isso ao longo do ano.

 

Time deAnálise - MZR

 

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