Reunião - SPX Capital

Gestoras

Exposição intermediada por Daniel Cunha (XP Investimentos)

COMENTÁRIOS DO GESTOR (ROGÉRIO XAVIER, GESTOR E SÓCIO)

 

Performance em 2018

O gestor e sócio da casa, Rogério Xavier, começou o evento explicando o que deu errado no cenário da casa e na estratégia do fundo multimercado em 2018, especificamente no último trimestre do ano. Contrariamente ao que os dados colhidos pela SPX mostravam ao longo do 1º semestre, o 2º semestre do ano passado viu uma desaceleração forte e sincronizada de muitos países ao redor do mundo. Essa desaceleração, que o gestor afirma que até hoje não consegue explicar, reverteu a expectativa de aperto monetário em vários países, fazendo com que a casa optasse por encerrar as posições tomadas em juros que tinha, especialmente em países do Leste Europeu, em um momento de baixa liquidez no mercado. Xavier destacou, entretanto, que essas posições vinham sendo carregadas por quase 3 anos e foram algumas das maiores promotoras do fundo nos últimos anos.

 

Cenário Internacional

O gestor pontuou que a desaceleração da economia mundial deve persistir nos próximos trimestres. A tendência observada recentemente é a da manutenção das taxas de juros em patamares estimulativos (baixos) por muito mais tempo do que anteriormente previsto, especialmente na Europa.

Segundo Xavier, os investidores estrangeiros ainda não entraram no Brasil e, pelo menos os europeus, não devem entrar tão cedo. Hoje, apenas os investidores americanos olham o Brasil (e México) como destino de investimentos em mercados emergentes, enquanto os investidores europeus olham muito mais para o Leste Europeu e Ásia, onde há mercados muito mais líquidos. Independentemente da origem do recurso, os estrangeiros esperam a aprovação da reforma da previdência e o início efetivo das privatizações para entrar no mercado financeiro local.

 

Cenário Brasil 

De acordo com o gestor, não é suficiente só fazer a reforma da previdência para estabilizar a relação Dívida/PIB. Como medidas adicionais que são de fácil implementação (e que já foram discutidas pela casa com interlocutores do governo), estão 1) a mudança na regra do salário mínimo, que passaria a apenas corrigir a inflação do ano anterior ao invés de garantir um ganho real pelo menos igual ao crescimento do PIB, e 2) a revisão do abono salarial, lei por meio da qual hoje o governo complementa com 1 salário mínimo a renda de famílias que recebem até 2 salários mínimos, limite que seria revisado para baixo na nova regra.

Voltando ao rito de discussão e aprovação da reformada previdência, Xavier comentou que provavelmente o governo deve enviar algum outro projeto para votação a fim de testar a sua base no Congresso, e que a primeira votação na Câmara vai decepcionar mercado e governo, com os líderes dos partidos tentando mostrar que são eles que regem as bancadas e que não adianta negociar com grupos temáticos. Apenas a partir desse ponto o governo irá começar a costurar o caminho da reforma no Congresso.

O gestor acredita que a equipe econômica de Bolsonaro irá enviar uma proposta de reforma da previdência muito forte (o ministro Paulo Guedes comentou em Davos que trabalha com cifras de até R$ 1,3 trilhão em 10 anos, contra R$ 700 bilhões na proposta negociada pelo governo Temer), mas que será então desidratada para valores mais palatáveis pelos congressistas para agradar ao enorme lobby corporativista de Brasília.

No lado monetário, a casa reconhece que os juros não estão em um patamar tão estimulativo quanto se imaginava, o que é evidenciado por várias métricas além do PIB, como geração de empregos e capacidade utilizada da indústria. Com isso, a SPX vê uma folga para o país crescer, sem gerar pressão inflacionária, por pelo menos mais 4 ou 5 anos, em um ritmo que a casa hoje estima em pouco acima de 2% ao ano, no seu cenário base.

No curto prazo a visão da casa é de continuar comprado no mercado local, e que o mercado vai reagir positivamente à primeira proposta da reforma da previdência enquanto o cenário externo deve permanecer com o afrouxamento monetário. Entretanto, quando a reforma estiver indo para as etapas finais de votação e aprovação, será hora de estar mais leve.

 

Risco Relevante

Xavier levantou um problema que, na sua visão, é crescente e já está causando danos, porém não tem sido devidamente endereçado pelo mercado: a forte diminuição da liquidez mundial. O gestor utilizou como exemplo um caso vivenciado pela SPX no final de 2018, em que a casa levou 1h30min para conseguir preço para um contrato de juros na Europa, tempo que até alguns meses atrás era de apenas poucos minutos. Para ele, o mercado ainda não precificou essa falta de liquidez no prêmio de liquidez dos contratos.

Por conta disso, casas como a SPX, que são de longo prazo, têm precisado testar a liquidez dos seus ativos e contratos constantemente para não prejudicarem o retorno do portfólio, algo sem precedentes segundo o gestor.

 

POSICIONAMENTO ATUAL DA CARTEIRA (ROGÉRIO XAVIER)

Hoje o fundo SPX Nimitz está muito “leve”, operando mais posições long-short e pequenas posições direcionais.

Alguns dos cases ressaltados foram 1) posições aplicadas em DI curto (a casa não olha para a NTNB, pois prefere operar juros nominal); 2) comprado em ações da Petrobras; 3) comprado em bancos e vendido em empresas siderúrgicas e petroquímicas, que serão afetadas negativamente por uma maior abertura comercial do país. Em bolsa, o fundo SPX Nimitz está apenas 3% direcional no momento.

Time de Análise - MZR

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