Reunião realizada com Ivan Guetta, gestor da Sharp em 28/05/2019
INTRODUÇÃO
A Sharp Capital foi fundada em 2018 por ex-sócios da Gap Investimentos. A casa é dedicada a gestão de renda variável e a equipe é formada por profissionais que trabalhavam na Gap.
A gestora preza pelo desenvolvimento interno das pessoas e isto fica evidente dado que dos 11 membros da equipe de gestão, 9 entraram no time como estagiários. Este tipo de decisão é importante para que todos estejam alinhados com a cultura e tenham engajamento. O modelo de partnership foi feito para contribuir com o alinhamento de todos e através deste modelo a remuneração é majoritariamente variável e dependente da performance dos fundos.
Na saída da Gap o gestor Ivan conseguiu levar o histórico para a nova gestora e também não fizeram nenhum acordo em relação ao capital da Sharp, desta forma, a nova gestora inicia as suas atividades sem nenhum sócio relevante fora da gestão.
O total de ativos sob gestão é de aproximadamente R$ 3,7 bi, divididos da seguinte maneira: (1) Equity Value – R$ 810 mm, (2) Ibovespa ativo – R$ 1.028 mm, (3) Long biased – R$ 45 mm e (4) Long Short – 1.840 mm
A estratégia Equity Value da gestora, que existe desde dez/2010 tem um retorno histórico de 211,64% desde a sua criação (contra 38,11% do Ibovespa e 166,26% de IPCA + yield do IMA-B no mesmo período), o Ibovespa Ativo rendeu 184,53% desde o início em jul/2007 (contra 66,02% do Ibovespa), o Long Short rendeu 481,88% desde abr/2005 (contra 339,20% do CDI) e o Long Short 2x rendeu 67,54% desde jun/2015 (contra 46,67% do CDI).
COMENTÁRIOS DO GESTOR
Após contar um pouco da história da gestora, Ivan Guetta comentou sobre a estratégia de alocação. Ele ressaltou que as maiores posições, de maior convicção, geralmente representam entre 15% a 20% do PL. Atualmente, a maior posição é Equatorial (EQTL3), porém está fora desta faixa, com 13% do PL. O motivo para não ter nenhuma posição na faixa entre 15%-20% é devido a dificuldade de escolher bons ativos com retornos atrativos em um bull market.
Com a equipe que possui hoje, a Sharp consegue cobrir todos os setores. Além dos setores tradicionais, as mudanças que a tecnologia está causando tornam o monitoramento de fintechs essencial, e este segmento gerou bons resultados para a estratégia Equity Value (flagship da casa) através de dois ativos: Banco Inter (BIDI4) e Mercado Livre (MELI US). No acumulado desde 2010, o principal contribuinte para os retornos positivos dos fundos é Equatorial (EQTL3), com 35 pontos de cota positiva, por outro lado, o principal detrator é Fibria (ex FIBR3, atual Suzano - SUZB3), com 1,3 pontos de cota negativa.
Em relação ao capacity das estratégias, os dois fundos Long Short (1x e 2x) devem permanecer fechados, enquanto que o Equity Value ainda tem bastante espaço e deve permanecer aberto. O fundo Long Short 2x costuma ser o mais adequado aos clientes por assumir mais risco, que em um momento de juros mais baixos, ajuda a diluir os custos do fundo. Ivan ressaltou que apesar da consistência dos dois fundos e do esforço da equipe para evitar movimentos negativos intensos, pode haver volatilidade para baixo em algum momento, e que por este motivo, é necessário que os cotistas estejam cientes de que é um investimento que corre riscos.
Na estratégia Equity Value o capacity não é tão limitado, pois não derivam grande parte dos retornos por meio de trading. O gestor não gosta de determinar um número para o capacity porque este número pode variar ao longo do tempo e está sujeito a liquidez do mercado de ações. Por este motivo, a melhor forma é testar fazendo aumentos incrementais no tamanho do fundo a medida que a liquidez da bolsa sobe, e analisando os impactos na habilidade de gestão.
Através dos processos e análises é construída uma boa carteira bottom up, que busca gerar retornos atrativos independente do cenário macroeconômico. Com estas características a equipe não precisa se preocupar demasiadamente em entrar ou sair das posições de acordo com o ciclo econômico, somente em entrar ou sair de acordo com os fundamentos das empresas
A Sharp acabou de lançar uma nova estratégia, o Long Biased. A ideia é reunir o Long Short e o Equity Value em apenas um produto e potencializando os retornos com alavancagem. A exposição bruta deve ficar entre 130%-170%, enquanto que a exposição líquida entre 20%-100%. Em termos de risco, a volatilidade deve ficar entre o Long Short 2x e o Equity Value, estimada em 10%.
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