Reunião realizada em 28/04/2020 com Florian Bartunek, CIO da Constellation.
Introdução
Em quase 20 anos de história, a casa é fruto da parceria entre Jorge Paulo Lemann e Florian Bartunek, que havia sido chamado para tocar a Utor em 1998, saiu dos 64MM sob gestão em 2002 para 10 bilhões em 2020, sendo hoje uma das maiores gestoras de Renda Variável do país. Desde o seu início, a gestora segue com um monoproduto Long Only, focado no longo prazo (Value investing) e conta com 21 pessoas sendo 11 deles sócios da empresa: área de investimentos (7), Estratégia e Trading (1), Operações/Risco/Compliance (2) e RI (1).
Comentários
O 1º trimestre foi muito ruim para o mercado, com queda de aproximadamente 37%. A principal preocupação deles seria com relação ao comportamento dos investidores. Porém, observou-se que os fundos receberam mais aplicações do que resgates em todos os meses desse ano.
A Constellation não possui empresas muito alavancadas e/ou com problemas de caixa no portfólio. 41% do portfólio está em empresas com caixa líquido. Entraram quase 100% comprados nessa crise e acreditam que quando a volatilidade aumenta é melhor não fazer muitas mudanças no portfólio. Portanto aumentaram somente um pouco de exposição às tendências de longo prazo.
As iniciativas ESG são ainda mais importantes nesse momento e empresas com boas notas neste quesito estão performando melhor. Possivelmente mudanças climáticas serão o tema da próxima crise global.
Acreditam em um cenário basicamente recessivo para o final de 2020 e 2021 devido ao maior desemprego. Porém, a situação atual de dólar mais apreciado permitirá uma recuperação mais rápida da economia por meio do setor de exportações agrícolas e transações correntes.
Com essa crise, os investidores terão diversas oportunidades e desafios. Os investidores com mais liquidez terão boas oportunidades, pois há pouca distinção entre ativos. Portanto empresas de qualidade ficam mais baratas devido à maior procura por caixa. Os principais desafios que os investidores enfrentarão são: maior volatilidade e insegurança nos mercados e aumento do risco das empresas. O stockpicking neste momento faz muito mais diferença, mas deve-se ter em mente que mesmo a empresa sendo robusta, há o risco dos fornecedores, podendo afetar o resultado da própria empresa.
No portfólio possuem e procuram empresas robustas com balanços fortes, mas que também terão crescimento sobre o capital investido no longo prazo. Acreditam que ocorrerá aceleração das tendências seculares, como o de saúde, softwares, e-commerce, empresas exportadoras e plataformas digitais (Mercado Livre e Magazine Luiza). Boa parte dessas companhias possuem décadas de criação e passaram por muitas outras crises, por isso acreditam que conseguirão passar bem por essa crise.
Teses:
- Rumo: monopolista em sua área, realiza o transporte de grãos do interior para o porto por trem, sendo um meio mais seguro, rápido e confiável do que caminhões. Os clientes, que são do setor agrícola, se beneficiam do dólar mais forte, pois valoriza o preço dos produtos.
- Totvs: possui um business bem robusto, com aproximadamente 50% de marketshare no segmento de pequenas e médias empresas. Tem potencial de crescimento orgânico.
- Renner: neste ano a empresa sofreu bastante, mais do que a média, devido ao fechamento das lojas. Porém, acreditam que é uma empresa premium que tem potencial de melhora, pois conseguiu crescer as vendas durante a recessão de 2015.
- Localiza: sofre bastante, mas possui um balanço muito mais robusto do que seus concorrentes, que são geralmente mais alavancados. Além disso, como muitos concorrentes vão acabar fechando as portas, a Localiza acabará ganhando marketshare.
- Natura: está em processo de mudança de liga para se tornar um player global. É o 4º melhor grupo de beleza do mundo.
- WEG: é uma empresa que sofre muito pouco por conta da exposição aos mercados globais, com um balanço robusto. Está ganhando marketshare e tem tendência boa de longo prazo de mercado emergente.
Time de Análise - MZR