OMC reduz crescimento do comércio global para apenas 1,2% em 2019

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Nossos últimos comentários sobre as notícias que vemos como pertinentes ao mercado e investimentos, vínhamos trazendo discussões sobre juros baixos e como este novo cenário vai mudar as distribuições nas diferente classes. Porém ao mesmo tempo sempre vínhamos falando sobre os riscos do cenário internacional e a possibilidade de recessão global, uma vez que o Brasil perdeu o crescimento vivido pelo mundo nos últimos anos e que seria difícil seguir na contra mão em caso de retração do crescimento global. Os dados do mercado europeu divulgados hoje fazem o sinal amarelo ficar ainda mais forte, com os indicadores de atividade (PMIs) em queda pelo oitavo mês consecutivo, se mantendo em patamares abaixo de 50 que representa uma retração do mercado. Para o comércio do velho continente, a guerra comercial entre Estado Unidos e China são sentidos diretamente. Já que a economia europeia tem um forte correlação com a do gigante asiático. A disputa entre as duas maiores potências globais não vai impactar somente estes dois países, mas pode gerar um retrocesso na confiança global voltando ao nível anterior ao da globalização. No qual se tinha muito mais políticas protecionistas de mercado e o livre comércio era pouco praticado, fazendo com que o crescimento dos países dependesse unicamente do seu consumo interno. As negociações do acordo comercial entre Washington e Pequim estão marcadas para serem retomadas neste mês, o que deve ser acompanhando bem de perto pelo mercado para saber qual será o desenvolvimento deste assunto.

OMC reduz crescimento do comércio global para apenas 1,2% em 2019

Para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, as perspectivas para o comércio são desencorajadoras, mas não uma surpresa

Por Assis Moreira — Genebra 01/10/2019 07h33

A escalada de tensões comerciais e desaceleração da economia mundial levaram a Organização Mundial do Comércio (OMC) a fazer uma revisão drástica nas projeções para o crescimento das exportações e importações em 2019 e 2020.

Foto: Pixabey

As novas projeções, publicadas nesta terça-feira pela OMC, mostram um desmoronamento da expansão do comércio global de mercadorias em volume. A organização prevê agora crescimento de apenas 1,2% em 2019, comparado aos 2,6% estimados em abril deste ano e ao resultado de 3% em 2018.

Para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, as perspectivas para o comércio são desencorajadoras, mas não uma surpresa. “Bem além de seus efeitos diretos, os conflitos comerciais aumentam as incertezas que, por sua vez, levam empresários a retardar investimentos produtivos que são essenciais para elevar o nível de vida”, afirmou.

O comércio segue a menor expansão da economia mundial, que pode crescer agora apenas 2,3%, pouco abaixo dos 2,6% estimados em abril.

A projeção para 2020 é de que o comércio mundial de mercadorias venha a crescer 2,7%, também inferior aos 3% projetados em abril. Isso leva em conta um crescimento do PIB mundial mantido em 2,3% – mas isso também dependerá de um abrandamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, as maiores economias do mundo.

A OMC alerta que as tensões comerciais continuam representando o maior risco. Choques macroeconômicos e volatilidade financeira também são gatilhos potenciais para uma desaceleração mais acentuada.

Indicadores relacionados ao comércio sinalizam trajetória inquietante para o comércio mundial, baseado nas demandas de exportações globais e na incerteza das políticas econômicas.

Conforme a entidade, no primeiro semestre de 2019, o crescimento das importações e exportações diminuiu em todas as regiões, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.

Na América do Sul, Central e Caribe, as importações de mercadorias sofrerão contração de 0,7% em 2019 em volume, comparado a crescimento de 2,6% projetado em abril, indica a OMC.

A enorme baixa das compras no exterior vai na direção de avaliação da Agência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), de que a América Latina é a região que sofre a maior desaceleração da atividade neste ano. A OMC aponta a Argentina e o Chile como os países que mais contribuem para a queda das importações da região.

Já no Brasil, o volume de importações permaneceu positivo, com aumento de 2,6% no primeiro semestre, embora tenha sido mais fraco do que no ano anterior.

Por seu lado, as exportações de mercadorias da América do Sul, Central e Caribe podem ter crescimento médio de 1,3% em volume neste ano, quase o dobro dos 0,7% estimados em abril.

Para 2020, a OMC projeta crescimento das exportações da região em 0,7%, inferior à expansão de 1% prevista em abril.

No lado das importações, a entidade global aponta um ligeiro otimismo para 2020, com expectativa de aumento das importações pela América Latina em 4,8% - abaixo, porém, dos 5,8% estimados em abril.

Em abril, Azevêdo, notava que, com tamanho nível de incerteza, o comércio não tem como desempenhar um papel de catalisador de crescimento. O diretor-geral da OMC continua a conclamar urgência para os países resolverem as tensões e estima que o mundo precisa se concentrar em verdadeiros desafios econômicos atuais – como a revolução tecnológica e o imperativo de criar novos empregos e impulsionar o desenvolvimento.

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