“Bilhões e Lágrimas – A Economia Brasileira e Seus Atores”, é uma obra da jornalista Consuelo Dieguez, a qual reúne doze perfis e reportagens publicadas na Revista Piauí entre os anos de 2006 e 2013. A coletânea traz, a cada capitulo, uma visão detalhista e completa – sempre apresentando pelo menos dois lados da história, além dos bastidores – sobre personagens e acontecimentos, os quais marcaram o período contemplado pela obra.
Entre os artigos do livro, destacam-se, por exemplo, o perfil do polêmico banqueiro Daniel Dantas e de Luís Stuhlberger, o gestor por trás do fundo Verde. Além de reportagens contando eventos como a fusão da Perdigão com a Sadia e a descoberta do Petróleo no Pré-Sal pela Petrobras.
Os capítulos do livro são organizados em dois grupos. O primeiro, intitulado “Anais das Finanças”, foca principalmente em refletir sobre temas relacionados a agentes da economia privada, enquanto a segunda parte do livro, “Questões Estatais”, concentra-se principalmente em relatar e discutir decisões públicas de política econômica dos dois governos que atravessaram o período.
No agregado, o livro relata, em partes, o que podemos resumir, através das palavras da autora, como o que foi “o novo modelo de capitalismo desenhado pelo governo petista”, o qual visou aumentar a participação do Estado no papel do mercado, o tornando protagonista novamente. Neste modelo, o governo utilizou principalmente suas ramificações, protagonizadas pelos Fundos de Pensão públicos e o BNDES, para conduzir o mercado em direção a seu viés ideológico, patrocinando a criação de “campeões nacionais” e reconquistando o controle de empresas privatizadas em governos anteriores.
Ao final do livro, resta ao leitor não apenas um maior entendimento dos acontecimentos da época, mas também uma visão crítica sobre as decisões tomadas pelos governos incumbentes. Apontando, através de relatos, erros de condução e visões pessimistas sobre o novo molde econômico brasileiro, os quais sem dúvida ajudam a compreender a crise econômica vivenciada no Brasil após 2014, e seu efeito sobre os mercados privados.
"No fundo, bilhões elágrimas talvez sejam mesmo inseparáveis"
Consuelo Dieguez