Visão MZR
Hoje teremos a rodada dupla com as reuniões do Banco Central Americano (FED) e do Banco Central brasileiro, para discutir as medidas monetária que devem ser adotadas daqui para frente. A expectativa do mercado é de ambas as instituições reduzam suas respectivas taxas de juros, a americana em 0,25% para a banda entre 2,00% -1,75% e a brasileira em 0,50% levando a nossa Selic para um novo mínimo de 5,50% ao ano. O movimento de juros mais baixo aqui e no mundo é muito positivo para e retomada dos investimentos da economia real, pois com custo de dívidas mais baixos e maior liquidez nos mercados as empresas volta a olhar para projetos que tragam melhor retorno. No longo prazo isso ajuda na geração de emprego e melhora na confiança do consumidor, que se transforma em consumo e leva a uma retomada do crescimento.
Mercado já precifica redução das taxas nos EUA e no Brasil, mas atenção ficará para os comunicados e suas sinalizações sobre os próximos passos
SÃO PAULO - Pouco mais de 45 dias depois, o mercado volta a passar por uma "Super Quarta", desta vez com tanta importância quanto a última, já que há uma grande expectativa entre os investidores não só por dois cortes de juros (no Brasil e nos Estados Unidos), como pelos comunicados que serão apresentados pelos bancos centrais.
Durante a manhã e início da tarde, os mercados devem ficar em compasso de espera enquanto os anúncios da tarde não saem. Ambos têm potencial de mexer bastante nas bolsas e no câmbio também, principalmente se ocorrerem surpresas.
O primeiro evento ocorre às 15h (horário de Brasília), quando o Federal Reserve anuncia sua nova taxa de juros, com expectativa de redução de 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,75% e 2%. A questão, porém, é que há uma grande divisão nos EUA sobre até onde a autoridade monetária irá com as taxas.
De um lado, alguns integrantes do Fed avaliam que o consumo está forte, o desemprego é baixo e a geração de empregos ainda parece boa. Do outro, existem membros vendo com grande preocupação a economia global, com poucas chances de resolução das questões comerciais e outros riscos que podem afetar diretamente os americanos.
E cada visão leva a um cenário de juros diferentes. Enquanto o presidente Donald Trump não cansa de pedir pela zeragem das taxas, o chairman do Fed, Jerome Powell, passa mensagens contraditórias a cada vez que faz algum discurso.
Powell voltou atrás nos comentários sobre recessão, dizendo em 6 de setembro que o cenário mais provável para a economia é "favorável", com um forte mercado de trabalho, crescimento moderado e inflação acelerando gradualmente.
Mas o presidente do Fed também destacou três "riscos significativos": desaceleração do crescimento global, incerteza em torno da política comercial e inflação muito baixa.
Já não bastasse a divisão dos analistas e diretores do Fed sobre os juros, o ataque no fim de semana a uma petrolífera na Arábia Saudita pode pesar bastante na decisão. Com a disparada do preço do petróleo, especialistas já apontam que o Fed pode não ter pressa para cortar os juros.
Porém, segundo aponta Alberto Bernal, estrategista global da XP Investimentos, a expectativa segue de que o Fomc reduza as taxas de juros nesta semana em 0,25 ponto percentual, mantendo a porta aberta para outro corte nas taxas em dezembro. "Se não houver finalização da guerra comercial este ano, o Fed deve continuar cortando os juros em 2020 até atingir 0,75%. Se houver um acordo, a situação mais provável é que o Fed permaneça em espera ao longo de 2020".
Copom
Passada a agitação do Fomc, após o fechamento do mercado o Comitê de Política Monetária (Copom) também anuncia sua decisão. Neste caso, os investidores são quase unânimes de que haverá uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic, para 5,5% ao ano.
Mesmo com a depreciação cambial depois da última reunião, em julho, os economistas consultados pelo Projeções Broadcast avaliam que a inflação deve seguir bastante confortável, uma vez também que é grande a ociosidade na economia.
Por outro lado, ainda há uma diferença nas projeções para os próximos meses, que vão desde 4,75% até a manutenção dos 5,50% a partir do encontro desta quarta. De 53 estimativas coletadas pelo Broadcast, 31 indicam o juro em 5,0% em dezembro, 12 apontam Selic em 5,25% e 7 apostam que deva terminar o ciclo em 4,75%.
Na ata da última reunião, o Copom já havia dito que poderia continuar reduzindo a taxa básica de juros nos próximos meses. "O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo [monetário]", dizia a nota.