Com a moeda americana nas alturas, juros futuros têm forte alta
Por Victor Rezende, Valor — São Paulo 26/11/2019
O dólar comercial deu prosseguimento à sua escalada e testou novas máximas históricas nesta terça-feira ao alcançar o nível de R$ 4,2589, em reação a comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o comportamento do câmbio. Com o dólar nas alturas, os juros futuros foram alçados às máximas do dia, com as taxas de alguns contratos chegando a abrir 10 pontos-base em relação aos ajustes do dia anterior.
Às 10h13, o dólar comercial estava cotado a R$ 4,2559, alta de 1,02%, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2021 subia de 4,65% no ajuste anterior para 4,73%; a do DI para janeiro de 2022 avançava de 5,37% para 5,46%; a do DI para janeiro de 2023 passava de 5,94% para 6,03% e a do DI para janeiro de 2025 ia de 6,54% para 6,63%.
Em Washington, Guedes defendeu na segunda-feira que o câmbio de equilíbrio se tornou mais alto devido à política fiscal mais forte e ao juro mais baixo. “O Brasil é, agora, um país de juro mais baixo e câmbio mais alto. Esse é o movimento”, disse. De acordo com o ministro, o déficit em transações correntes deve começar a crescer, embora tenha ressaltado que isso ocorrerá “financiado pelo IED [ingresso de investimento estrangeiro direto]”.
“A principal notícia é a fala de Guedes sobre o dólar e achamos que ela tem potencial para mexer no mercado, que já vem operando com o real mais desvalorizado. A fala de ontem é mais uma razão para isso acontecer”, afirmam os economistas da Tullett Prebon em relatório enviado a clientes.
O comentário de Guedes vem no mesmo momento em que o Banco Central (BC) deve colocar a Selic em um novo piso histórico em dezembro.