Após fortes correções nos últimos três meses, puxadas pela abertura dos juros de 10 anos nos EUA, vimos os mercados reverterem tal movimento para um grande otimismo. A curva de juros fechou (queda nas taxas) por volta de 60bps, trazendo um alívio muito forte para os preços dos ativos como um todo. Exemplificando a magnitude de tal evento, o portfólio 60/40, sendo formado por 60% em renda variável e 40% em renda fixa, teve o seu melhor desempenho mensal desde dez/91, evidenciando a incomum performance em uma janela mensal.
Ficamos satisfeitos em saber que boa parte da nossa tese se confirmou. Em determinado momento, era provável que o FED tivesse atingido o limite da discussão de novas altas, reconhecendo que o movimento de abertura na curva longa (abrindo quase 100bps em 3 meses) poderia ser até mais restritivo do que subir ainda mais os juros no curto prazo. E foi o que ocorreu, o FED no dia 01 de novembro optou por um discurso menos hawkish e fez menção ao aperto das condições financeiras diretamente, levando o mercado a colocar um ponto final sobre a discussão de novas altas.
Embora a decisão do FOMC de 01/nov tenha sido extremamente relevante para essa mudança de ambiente, vale considerar alguns outros temas que também ocorreram ao longo do mês:
(i) O tesouro americano anunciou uma menor duration na emissão dos papéis da dívida americana, reduzindo parte da pressão nos prêmios dos ativos longos;
(ii) Dados industriais mais fracos do que o esperado durante todo o mês;
(iii) Payroll abaixo do esperado (150mil vaga vs 170mil vagas) com um ganho hora também abaixo do esperado;
(iv) Pedidos de auxílio-desemprego contínuo em nível recorde para os últimos dois anos;
(v) CPI mais fraco do que o esperado, confirmando mais uma vez uma nova queda da inflação de serviços;
(vi) Inadimplência das famílias em alta e crédito ao consumidor surpreendendo para baixo;
Quando somamos todos esses eventos, o mercado começa a mudar de vez a narrativa do cenário de alta de juros, para discutir com mais detalhes em qual trimestre do ano que vem será possível ver o primeiro corte nos juros. Fica evidente, na nossa opinião, que a economia americana está desacelerando, entretanto, como a inflação segue fora da meta, há um alinhamento no discurso dos membros do FED de não discutir abertamente sobre o ciclo de afrouxamento monetário ainda. O discurso deve seguir voltado para continuidade dos juros altos por um tempo indeterminado (conforme os dados).
Sabemos que os países desenvolvidos possuem uma “predisposição” para cortar os juros de forma mais acelerada, caso a atividade comece a rodar no campo negativo. Dessa forma, imaginamos que a mediana de 5,1% para os juros americanos divulgada pelos membros do FOMC em setembro não seja mais o cenário-base. Imaginamos ainda que os cortes possam se iniciar logo no segundo trimestre, mas dependendo de uma piora nos dados de emprego (que seguem robustos). Neste momento, podemos afirmar também que há uma nova sincronia de ciclo monetário, momento em que os desenvolvidos discutirão sobre um afrouxamento durante todo o ano de 2024. Este cenário citado, deve criar um ambiente muito mais benigno para os preços dos ativos.
Assim como o portfólio 60/40 mencionado acima, os ativos brasileiros entraram em um estágio de euforia. A queda de aproximadamente 60bps dos juros americanos, bem como a projeção de corte de 100 bps já em 2024 para o FED funds, trouxeram o alívio necessário para os ativos de risco. Vimos a bolsa ter a melhor performance mensal dos últimos três anos, os juros em queda forte e até mesmo o USD perdendo valor frente ao real.
A curva de juros brasileira voltou a precificar os juros em 9,5% no final do ano que vem, trazendo mais confiança sobre um ciclo de afrouxamento monetário mais robusto. O risco segue sendo o fiscal e a capacidade do governo em garantir o contingenciamento dos gastos, caso não sejam cumpridas as metas estabelecidas pelo arcabouço.
De qualquer forma, no curto prazo, seguimos confiantes de que o ciclo de corte de juros seja soberano para os preços dos ativos, principalmente se o externo confirmar um cenário de desaceleração mais suave da sua economia (sem entrar em uma recessão profunda). Sendo assim, reforçamos os triggers para que os ativos de risco continuem subindo nos próximos meses:
O Brasil segue muito bem posicionado para capturar boa parte do fluxo para os ativos emergentes, então imaginamos que os pontos acima sejam suficientes para a continuidade desse “bull market” até pelo menos o meio do ano que vem. Depois disso, temos outras preocupações, mas vamos deixar para detalhar um pouco mais ao longo dos próximos meses por meio das nossas cartas mensais.
Em meio a um mês de excelentes performances para os ativos de risco, as três carteiras: conservadora, moderada e agressiva, tiveram performances muito superiores ao CDI. Revertendo dois meses de extrema aversão a risco e curvas de juros em patamares muito elevados, a mudança de cenário se fez clara com o desempenho positivo dos ativos impulsionados pelo forte fechamento da curva de juros americana.
A carteira conservadora subiu 1,45% no mês ou 158% do CDI, muito puxada pela marcação a mercado positiva dos ativos de renda fixa. Destaque para a classe de inflação que em todos os ativos a rentabilidade foi superior a 230% do CDI.
Na carteira moderada, a rentabilidade foi de 2,61% no mês ou equivalente a 285% do CDI. Assim como na conservadora, os ativos indexados à inflação performaram muito bem, mas o grande destaque fica nos ativos de renda variável (local e internacional), tanto nos fundos Long Only quanto nos fundos Long Biased. O fechamento da curva de juros americana também impulsionou os ativos de renda fixa internacional que captaram muito bem o movimento.
Por fim, na carteira agressiva tivemos a maior cota desde o início da estratégia, com rentabilidade de 4,59% ou 501% do CDI. De forma análoga à carteira moderada, os ativos de risco ligados a bolsas performaram muito bem e a exposição mais alta a essa classe na carteira foram os principais responsáveis pela rentabilidade alta no mês. Vale ressaltar que o aumento da exposição à renda variável nas carteiras agressiva e moderada, defendidas na carta de outubro, foram cruciais para o bom desempenho do mês de novembro.
Os portfólios internacionais apresentaram o melhor desempenho do ano, com as classes de Equity e Fixed Income contribuindo de maneira positiva ao passo que os ativos foram beneficiados diretamente pela queda dos juros nos mercados desenvolvidos. Na classe de Equity, as estratégias temáticas de tecnologia e a com exposições a teses globais de crescimento seculares foram as principais contribuidoras, entregando rentabilidade acima dos índices de referência. Por outro lado, a estratégia com exposição a teses domésticas da China foi detratora. Na classe de Fixed Income, a estratégia apostando nas quedas dos títulos soberanos de prazo intermediário nos Estados Unidos foi a principal promotora, assim como os fundos híbridos e temáticos, se posicionando na estrutura de capital de bancos globais. A classe Liquid Alternatives foi detratora de performance em novembro, com destaque negativo para a estratégia buscando capturar tendências nos preços das classes de ativos globais e para estratégia macro dinâmica. Por fim, a exposição em Urânio foi mais uma vez promotora de performance e tem se destacado como alocação no segundo semestre.
Sobre o posicionamento, estamos:
Os três principais índices de ações nos Estados Unidos encerraram no campo positivo, em recuperação sobre as quedas apresentadas em agosto, setembro e outubro. O S&P 500 valorizou 8,9% no mês passado, Dow Jones subiu 8,8% e o destaque ficou mais uma vez para o índice com maior representatividade das empresas de tecnologia, Nasdaq, que apresentou alta de 10,7%. Setorialmente, destacaram as ações de empresas mais sensíveis às quedas nos juros: tecnologia (12,8%), imobiliário (11,4%) e consumo discricionário (10,9%). Por outro lado, as ações de óleo e gás (-2,3%) apresentaram desempenho negativo seguindo a queda do preço do petróleo, com Brent e WTI caindo 4,9% e 2,4%, respectivamente. Por estilo, as ações de growth (11,2%) performaram acima das ações de value (7,5%) e por capitalização as large caps (8,9%) sobressaíram em comparação com mid cap (8,3%) e small cap (8,0%), em novembro. Por fim, novembro marcou o final da temporada de resultados referente ao terceiro trimestre das empresas do S&P 500, com 98% das empresas tendo divulgado os números. 82% das empresas surpreenderam positivamente em termos de lucro e 62% reportaram receita melhor que o esperado. No agregado, os lucros apresentaram crescimento de 4,8% (estimativa de queda de 0,3% em setembro), com destaque para as empresas de servicos de comunicacao (42,4%), consumo discricionário (41,9%) e financeiro (18,4%), enquanto as empresas do setor de óleo e gás apresentaram queda de 36,9% no lucro consolidado. Em termos de valuation, o índice negocia a 18,7x lucro esperado para os próximos 12 meses, abaixo da média dos últimos 5 anos (18,8x), mas acima da média de 10 anos (17,6x).
Assim como nos Estados Unidos, os índices acionários europeus apresentaram retornos positivos, com Dax (Alemanha) sendo o destaque, ao subir 9,5% em novembro. Na França, o CAC subiu 6,2% e no Reino Unido o FTSE segue lateralizado no ano após alta de 1,8% no mês passado. No Japão, o índice Nikkei que é destaque no ano entre os mercados desenvolvidos, subiu 8,5% e acumula alta de 28,3% em 2023, mesmo com um crescimento no terceiro trimestre divulgado vindo pior do que o estimado. Na China, apesar dos dados de vendas do varejo terem vindo melhor do que o esperado e mostrando um crescimento anual, o setor imobiliário segue como foco nas preocupações, refletindo na confiança dos investidores e no desempenho dos índices. O índice de ações domésticas apresentou queda de 2,1% no mês e o índice de Hong Kong caiu 0,4%. Por outro lado, o índice de Shanghai encerrou levemente no positivo, apresentando alta de 0,4% em novembro.
A carteira de ações globais da MMZR avançou 11,2% em novembro e superou o índice de referência em mais de 2 p.p., estendendo o diferencial de performance para quase 30 p.p. no ano e 10 p.p. desde seu início (janeiro de 2021). Todos os papéis na composição da carteira foram contribuidores de performance, exceto pelas ações da Alibaba (-9,3%). Os destaques positivos ficaram para Mercado Livre (30,6%), Disney (13,6%), Microsoft (12,1%), Apple (11,2%) e recém entrada Goldman Sachs (12,5%). Mercado Livre divulgou seu resultado trimestral no início de novembro, que mais uma vez surpreendeu de forma positiva e impulsionou as ações. A empresa cresceu 40% em termos de receita e dobrou o lucro operacional na comparação anual. O forte crescimento foi observado tanto nos segmentos de e commerce (avanço de 60% no volume bruto de vendas) e fintech (avançou de 120% no volume total de pagamentos), contribuindo para um lucro por ação de USD 7,16 em comparação com USD 5,88 estimado pelo mercado. Como resultado, o mercado atualizou as estimativas e incorporou novo preço alvo para a ação, sendo Bank of America um exemplo mudando a recomendação Neutra para Compra e incorporando preço alvo oferecendo mais de 20% de upside. Acompanhamos também a divulgação de resultados da Apple, no início de novembro. A empresa mais valiosa do mundo reportou receita e lucro líquido acima das expectativas, mas decepcionou o mercado em termos de guidance para o próximo trimestre, implicando em um crescimento anual neutro na comparação com crescimento de 5% estimado. Todos os segmentos de hardware apresentaram queda nas vendas, exceto por iPhones, que apresentou crescimento de 2% no ano. Por outro lado, as vendas de Mac e iPad caíram 34% e 10%, respectivamente. O segmento de serviços mais uma vez foi destaque positivo, apresentando crescimento de 16%, acima do esperado. As ações da Disney reverteram para o campo positivo no ano após forte alta em novembro, impulsionadas por resultados trimestrais melhores do que antecipado e o ativismo na empresa. Foi o catalisador para a alta dos preços o noticiário do terceiro gestor ativista no ano montando posição, a ValueAct, que iniciou investimento nas ações durante a greve dos atores e produtores em Hollywood, defendendo o preço atrativo para compra. A ValueAct contribuiu diretamente para geração de valor em casos conhecidos como Salesforce, Microsoft e Adobe, além de também ter histórico investindo no setor de mídia e comunicação como New York Times, Spotify e Fox.
Após 3 meses de perdas, o Ibovespa encerrou novembro com alta de +12,5% (+15,3% em dólares) no maior patamar desde agosto/21 aos 127.331,12 pontos e seguindo o otimismo das bolsas globais (com o S&P subindo +8,9% no mesmo período). No ano de 2023, a bolsa brasileira acumula alta de +16,0% (24,6% em dólares), sendo um dos destaques dentre os mercados emergentes e globais. Setorialmente, nomes domésticos mais sensíveis aos juros foram os grandes promotores – Educação +22,4%, Varejo +20,2% e Construção +18,5% - enquanto o agronegócio foi o único detrator em -0,2%.
O forte recuo dos Treasuries Americanos (10 anos recuando de 4,92% ao final outubro para 4,33% ao final de novembro) foi o grande propulsor da virada do Ibovespa em relação aos últimos meses, o que acabou resultando na maior entrada mensal no ano de 2023 de capital estrangeiro na bolsa (+R$ 18,1 bilhões), vide gráficos abaixo. Podemos inclusive entender tal movimento pela forte correlação entre o Ibovespa e as Treasuries desde agosto de 78,74%, um patamar relevante que indica como as duas variáveis têm andado juntas. Na frente doméstica, os dados benignos de inflação e o forte resultado primário também contribuíram para o otimismo dos ativos de risco, sendo refletido pelo arrefecimento dos juros longos e recuo de cerca de 11bps do juro real medido pela NTN-B 2035 (+5,77% ao final outubro para 5,66% ao final de novembro). Tal recuo poderia ter sido maior considerando a melhora do cenário global, mas foi contido pelo ruído fiscal considerando os questionamentos do governo quanto à meta de déficit zero para 2024.
Apesar do Ibovespa ter renovado as máximas dos últimos 2 anos, seguimos construtivos na classe considerando os 4 pontos a seguir:
1 - Valuation atrativo: mesmo após o rally de novembro, o Ibovespa negocia a 10,0x Preço/Lucro estimados nos próximos 12 meses (ex Vale e Petrobrás), desconto de cerca de 19% frente à média histórica de 19 anos de 12,3x (1 desvio padrão abaixo). Mesmo comparando os rendimentos das ações contra as taxas de juros reais de 10 anos (principal métrica para avaliar a atratividade da bolsa frente a renda fixa), o nível encontra-se em 4,3% (1 desvio padrão abaixo), indicando mais um desconto e possibilidade de apreciação da bolsa – reforçando aqui um duplo potencial de alta, considerando que o próprio spread da NTN-B encontra-se em patamares superiores às médias históricas. Não só isso, o desconto do P/L do Ibovespa em relação ao S&P encontra-se hoje em 60% versus uma média histórica de 30%;
2 - Ciclo de corte de juros favorável a ativos de risco: conforme mencionamos em cartas passadas, apontamos alguns estudos que mostram como o Ibovespa performa bem em ciclos passados de queda da Selic, entregando retornos médios de 300% do CDI em janelas de aproximadamente 500 dias corridos. Em termos nominais, nos últimos 9 ciclos de corte dos juros desde 1.999, o Ibovespa subiu em média 21% nos próximos 12 meses e 43% nos próximos 24 meses. Mais importante, essas altas ocorreram mesmo quando os múltiplos estavam acima da média histórica, tendo dessa forma um potencial de alta ainda maior no cenário atual. Outro grande driver de alta é a pausa do cenário de aperto pelo Fed, no qual historicamente nos 5 ciclos anteriores desde a década de 80 a bolsa subiu 28% nos 12 meses seguintes a pausa e 49% nos 24 meses seguintes;
3 - Baixo posicionamento dos fundos locais em bolsa: hoje em 9,3%, o número já chegou a ultrapassar os 15% em janelas passadas;
4 - Projeção de expansão de resultado das empresas do Ibovespa em +10% no ano de 2024: o mercado espera um bom crescimento de resultados especialmente das empresas domésticas (+41%), em um cenário de queda da despesa financeira, atividade local forte e expansão de margem.
Por fim, algumas casas de análise já começaram a divulgar as projeções de pontos para o Ibovespa ao final do ano que vem, com potencial de alta em 2 dígitos: BTG em 147 mil pontos, enquanto XP, Safra e Inter em 142 mil pontos. Lembrando que estimamos um potencial de alta em player domésticos, onde enxergamos uma maior assimetria de preço e também maior expansão de resultados em 2024. Uma boa forma de exposição na tese acaba sendo via os ETFs de Small Caps SMAL11 ou TRIG11, que possuem uma composição de mais de 80% em setores cíclicos domésticos, enquanto que o Ibovespa pouco mais de um terço.
Ao longo do mês de novembro, o IFIX (índice de fundos imobiliários) recuperou parte da sua queda apresentada no mês anterior, registrando uma leve alta de 0,66% e atingindo os 3.177 pontos.
Analisando a performance setorial, vimos um mês misto em termos de rentabilidade. Entre os destaques ficaram os fundos de Shoppings, os quais performaram 1,5%, e voltaram a negociar em linha com o seus valores patrimoniais, e os fundos de Lajes/ Escritórios Corporativos, que performaram 2,5% no período, mas seguem como a classe mais descontada, devido a manutenção das altas taxas de vacância.
Com relação às classes detratoras no mês de novembro, vimos um leve recuo entre os fundos de galpões logísticos, os quais apresentaram uma leve correção, frente a diminuição de exposição de alguns investidores a classe. Os FI-Agros também apresentaram a pior performance no período, puxados principalmente por uma maior inadimplência das carteiras e acarretando em uma queda do valor patrimonial de parte dos fundos.
Por fim, os fundos de recebíveis apresentaram um resultado abaixo do IFIX, muito por conta de cases mais estressados contaminarem a classe como um todo, na nossa visão. Como exemplo, podemos citar a alta exposição da classe ao emissor Southrock, que entrou com um pedido de RJ recentemente.
Em relação à alocação seguimos favoráveis aos fundos de recebíveis, principalmente nas estratégias que apresentam descontos atrativos em relação a seus valores patrimoniais e possuem carteiras adimplentes. Ela é a classe que identificamos como a mais resiliente, distribuindo os maiores dividendos entre os FIIs, e melhor índice de sharpe quando realizamos a análise das performances desde 2018.
Em Novembro, o índice IHFA teve performance positiva de +2,4% até 29/11, enquanto no ano acumula alta de 6,37% e em 12 meses 7,0%, com a classe de multimercados rodando, em média, ainda abaixo do CDI em 2023 e na janela de 12 meses. No geral, todas as subclasses performaram, na média, no campo positivo e acima do CDI.
Via regressão, observando as principais classes de ativo, conseguimos verificar a indústria com algumas posições mais claras: (i) comprada em bolsa local; (ii) neutra em S&P; (iii) levemente aplicada em treasury de 2 anos e aplicada na treasury de 10 anos; (iv) neutra em petróleo; (v) comprada em Real versus Dólar; e (vi) tomada no juro nominal local. No geral, tais posições explicam a performance ruim da indústria ao longo do mês, principalmente impactadas pelo contínuo aumento das treasuries longas americanas, que impactam todas as classes de ativos globais.
Em nosso universo de análise, cobrimos um total de aproximadamente 175 fundos, dos quais separamos em seis subclasses: multimercados estruturais, dinâmicos, descorrelacionados, long&short neutro, long&short direcional/total return e renda fixa ativa. A subclasse com melhor desempenho foi a de Total Return, com retorno médio de +6,75% e mediana de +6,33%, sendo esses os fundos que possuem uma exposição líquida direcional em bolsa, que no mês subiu +12,54%. Na sequência, destaque para os fundos long&short neutro, que tiveram desempenho médio de +1,87% e mediana de +1,61%, sendo essa classe constituída por fundos que possuem net de exposição líquida entre -20 e 20%.
Dentre os multimercados macro estruturais e macro dinâmicos, observamos que a subclasse de multimercados estruturais, apresentou, na média, retorno negativo de +1,74%, com mediana de +1,88%, e em nossa classificação, são caracterizados por estratégias que apresentam teses de longo prazo e que possuem baixo turnover de portfólio. Bem em linha com o multimercados estruturais, os multimercados dinâmicos/ táticos apresentaram retorno, na média, de +1,71% e mediana de +1,68%. Entendemos tal subclasse sendo parecida com a de macro estrutural, porém possuem maior giro de carteira e focam em horizonte de investimento mais curtos, com prazos médios de 3 a 6 meses.
A subclasse de renda fixa ativa, que é formada apenas pelo book de juros das estratégias macro, apresentou retorno médio de +1,38% e mediana de +1,41%. Por fim, a subclasse de fundos descorrelacionados, que classificamos em três diferentes frentes: quantitativos, event driven e sistemáticos, com retorno médio de +0,49% e mediana de +0,77%.
Vale dizer que em nosso radar de cobertura temos: 25 fundos descorrelacionados, 51 fundos macro dinâmicos, 31 fundos macro estruturais, 23 fundos long&short direcional/total return, 29 fundos classificados como long&short neutros e mais 16 fundos de renda fixa ativa.
Logo no início do mês, a maré negativa que havia se formado ao longo de setembro e outubro virou. Declarações mais dovish por parte de alguns membros votantes do FOMC, diretamente relacionados ao payroll de outubro mais fraco e revisões baixistas para o CPI, levaram a uma reavaliação do padrão de redução das taxas de juros nos EUA. Atualmente no mercado, cerca de 50% já acreditam que o primeiro corte acontecerá em março, resultando em uma redução total de 115bps ao longo de 2024. O yield das treasuries fechou de forma muito intensa ao longo de todo mês, a de 5y, 10y e 30y recuaram entre 57bps e 60bps. Pouco distante, mas ainda fechando de forma expressiva, o yield da Treasury de 2 anos fechou 39bps sendo precificada a 4,70% ao ano. A fim de ilustrar a velocidade de fechamento da curva, olhando o yield da Treasury de 10y, a redução foi de 19bps apenas no dia primeiro de novembro.
Olhando para o Brasil, o movimento não poderia ser diferente, o fechamento da taxa de juros referência no mundo fez preço nos ativos brasileiros. Por mais que o debate em torno da meta fiscal de 2024 tenha apresentado novos desafios, isso tudo ficou em segundo plano com a melhora significativa das pressões do mercado externo. Além disso, ao longo do mês, o relatório Focus demonstrou expectativas de inflação com baixíssima variação para final de 2023 e 2024, indicando uma ancoragem cada vez mais presente. Os fatos indicam e o mercado precifica que o pace de 50bps de corte deve ser mantido na última reunião do Copom do ano no dia 13/12.
A parte longa da curva de juros apresentou uma queda mais expressiva do que os vértices mais curtos. O DI de janeiro de 2027 e 2029 fecharam 113bps e 106bps, respectivamente. O DI de janeiro de 2024, fechou 17bps no mês, chegando a 11,89% ao ano e indicando consenso quanto ao corte de 50bps na reunião de dezembro.
Nas classes de ativo, o CDI do mês foi de 0,92%, totalizando um acúmulo no ano de 12,04% até o fechamento de novembro. Nos ativos indexados à inflação, a rentabilidade do IMA-B 5, formado por títulos públicos indexados à inflação com vencimento de até cinco anos, foi de 1,80% no mês, muito acima do CDI, reflexo do fechamento da curva das NTN-Bs. Já o IMA-B, com duration muito superior (na casa de 6,8 anos), teve um retorno mais expressivo de 2,62%. Por fim, representando a ponta mais longa, com as NTN-Bs com vencimento acima dos 5 anos, o IMA-B 5+ apresentou rentabilidade de 3,39% em função de sua duration bem mais alta, na casa dos quase 11 anos.
Para os ativos prefixados, a simetria da rentabilidade mais elevada para maiores durations se repetiu, reflexo do fechamento dos juros em todos os vértices da curva de juros ao longo de novembro. O IRFM 1, com ativos com vencimento de até 1 ano, teve rentabilidade de 1,0% no mês, pouco acima do CDI. Para o IRF-M, com duration bem mais expressiva, a rentabilidade mensal foi de 2,47%, enquanto o índice com vencimentos mais longos, IRFM 1+, apresentou variação de 3,14% em novembro.
Vale ressaltar que o mês negativo de outubro foi mais que compensado pela excelente performance dos índices no mês de novembro. Enquanto o IMA-B 5 teve um retorno semelhante ao acumulado do CDI de outubro e novembro, tanto o IMA-B quanto o IMA-B 5+ apresentaram retornos superiores ao CDI do período. O IMA-B 5+ registrou uma rentabilidade equivalente a 160% do CDI durante esse mesmo intervalo de tempo.
Os ativos High Grade representados pelo Barclays Global Aggregate Index, subiram impressionantes 5% no mês, fazendo com que no ano a performance volte ao campo positivo, em +1,50%. A classe composta por bonds de maior risco (Barclays US Corporate High Yield Index) performou na mesma linha, com alta de 4,53% e, no ano, sobe 9,37%. Apesar de não ter sido tão promotora no mês (+ 1.25%), a classe dos Leverage Loans, segue sendo destaque com alta anual acumulada de 11,02%. Os REITs (Dow Jones U.S. Real Estate Index) se beneficiaram muito da queda nos juros longos: a classe de imobiliários subiu 12,11% no mês e ficou bem próximo a estabilidade no ano (-0,34%).
Nos mercados emergentes se observou uma retomada do fluxo, o que também impulsionou a classe. O JP Emerging Markets Bond ETF (CEMB) avançou 3,53% no mês e no ano fica próximo à estabilidade. No lado asiático, O JPM Asia Credit Bond avançou 4,39% no mês e sobe 6,56% no ano.
Já no cenário local seguimos com uma tendência de recuperação dos ativos pós-fixados. A rentabilidade em 12 meses do JGP Idex-CDI segue abaixo do benchmark (10,8% vs 13,4% do CDI). Desde maio observamos uma acomodação dos spreads de crédito do índice. Em novembro o seu rendimento encerrou em CDI+2,17%.
Segundo estudo da XP, tudo mais constante, o carrego atual permitirá que o índice volte a bater o benchmark já no primeiro trimestre do ano que vem. Isso retrata a importância da seleção de gestores, já que algumas estratégias ativas já superam o CDI neste ano.
A captação média dos fundos líquidos da indústria retornou ao campo positivo há alguns meses, mas também observamos uma dispersão neste aspecto. Algumas casas que estavam mais concentradas em nomes estressados, ainda não retomaram o fluxo positivo de captação.
Apesar de ainda estar acima do patamar do fechamento de 2022 (CDI+1,87%) e de ainda haver uma tendência de carrego nominal elevado para 2024, entendemos que a relação risco-retorno dos pós-fixados perdeu atratividade consideravelmente, tendo em vista o risco de algum novo evento de crédito gerar um novo momento de euforia similar ao visto no início do ano. Pelo levantamento realizado pela JGP das mudanças de rating no segundo semestre do ano, é possível notar uma melhora na tendência de downgrades na indústria. Ainda assim, o ciclo de crédito segue em cenário restritivo, por isso temos reduzido a exposição a nomes mais sensíveis, de forma tática.
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