Visão MZR
Os ataques a empresa da Arábia Saudita que causaram um forte alta no preço do petróleo ontem, colocam as atenções do mercado de como será a condução deste tema pela Petrobrás junto ao Governo Bolsonaro. Caso o processo de normalização da produção saudita se estenda por um período mais prolongado, o preço da commodity continuará pressionado pela queda na oferta da empresa Saudi Aramco (representa 5% da oferta mundial).
O valor mais alto do petróleo pode causar diversos desdobramentos aqui no Brasil, uma vez que a Petrobrás tem uma política de repasse no preço de acordo com o mercado. Como consequência, a medida deveria levar a empresa a ajustar os preços dos combustíveis em algum momento se o preço do barril persistir nesses valores. No entanto, um nova alta no preço do diesel pode acarretar na possibilidade de outra greve dos caminhoneiros como a vista em 2018, que se tiver um ajuste na tabela de preços pode gerar um pressão inflacionária por conta da distribuição no Brasil ser muito dependente da malha rodoviária.
SÃO PAULO - Em entrevista concedida nesta segunda-feira (16) ainda no hospital, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Jornal da Record que falou com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e foi informado que não haverá repasse imediato da alta do petróleo no preço dos combustíveis. As informações são do portal UOL.
A conversa, a primeira desde que foi internado para realização de uma cirurgia na semana passada, irá ao ar na TV Record às 21h45 (horário de Brasília).
O comentário sobre um possível reajuste ocorre após o ataque contra a petroleira Saudi Aramco, na Arábia Saudita, que fez com que o petróleo disparasse cerca de 15% nesta segunda.
Com a alta do preço da commodity, há uma grande expectativa de que a Petrobras terá de reajustar os preços dos combustíveis, repassando pelo menos parte desta alta ao consumidor. Analistas, porém, ainda não estão convictos de quanto será este impacto.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a equipe econômica do governo avaliou hoje que os preços do petróleo ainda estão muito voláteis. Segundo ela, ainda é cedo para medir o real impacto que essa variação pode ter sobre os combustíveis no mercado brasileiro.
Sobre os riscos, o governo ainda não vê chances de uma nova greve dos caminhoneiros por causa de um possível aumento dos preços do diesel, disse outra fonte do governo.
Os ataques eliminaram 5,7 milhões de barris da produção diária de petróleo saudita, mais de 5% da oferta mundial e 50% da produção de petróleo da Arábia Saudita.
Os ataques do fim de semana atingiram Hijra Khurais, um dos maiores campos de petróleo da Arábia Saudita, que produz cerca de 1,5 milhão de barris por dia.
Eles também atingiram a Abqaiq, a maior instalação de beneficiamento de petróleo do mundo, processando sete milhões de barris de petróleo saudita por dia, cerca de 8% do total mundial.
O CEO da Aramco, Amin Nasser, disse hoje que está em andamento um trabalho para restaurar a produção. A empresa emitirá uma atualização de progresso na próxima terça (17). Levará semanas para retornar à capacidade total de produção nas instalações danificadas, de acordo com pessoas familiarizadas com as estimativas de danos na Arábia Saudita.