Por Associated Press e agências internacionais
FRANKFURT - (Atualizada às 11h09) O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira uma rodada de estímulos monetários para apoiar a economia da região do euro diante de incertezas como o conflito comercial Estados Unidos-China e o Brexit - a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Nesta quinta-feira, a autoridade monetária europeia cortou a taxa de depósitos de 0,4% negativo para 0,5% negativo - isto é uma taxa punitiva para levar os bancos a emprestar os recursos em excesso.
O BCE informou ainda que vai reativar seu programa de compra de ativos, encerrado em dezembro passado. O plano, que injeta dinheiro novo no sistema financeiro para reduzir os custos dos empréstimos, contempla a compra de 20 bilhões de euros por mês em títulos do governo e bônus corporativos a partir de 1º de novembro pelo tempo que for necessário.
A instituição avisou que mantém o compromisso de juros em níveis históricos de baixa pelo tempo necessário até a inflação alcançar a meta de se situar abaixo de 2%.
Durante entrevista coletiva, o presidente do BC europeu, Mario Draghi, disse que o banco agiu em resposta à inflação fraca e a uma redução nas expectativas dos investidores em relação à inflação futura.
Vale notar que o BCE se juntou ao Federal Reserve (Fed, banco central americano) e outros bancos centrais no mundo no movimento de redução de juro e de tornar o crédito mais barato para impulsionar a economia. Em julho, o Fed reduziu o custo do dinheiro pela primeira vez em uma década, para a faixa de 2% a 2,25%. Alguns participantes do mercado financeiro acreditam que é quase certo que a autoridade monetária americana corte o juro pela segunda vez no encontro da próxima semana, nos dias 17 e 18 de setembro.
Logo após o anúncio do BCE, o presidente americano, Donald Trump, usou o Twitter para indicar que a autoridade monetária europeia está "agindo rapidamente" enquanto o banco central dos Estados Unidos "observa, e observa e observa".
Alguns aspectos do pacote anunciado nesta quinta-feira, como o corte do juro e as compras de bônus, ficaram aquém do esperado por alguns analistas, mas a perspectiva de as medidas valerem por um horizonte de tempo aberto pode servir de compensação.
Na sequência do anúncio do BC europeu, o euro registrou o menor nível ante o dólar desde maio de 2017, conforme a provedora de dados Factset.
Também cabe mencionar que Draghi está perto de deixar a direção do BCE - seu mandato termina em 31 de outubro. Christine Lagarde, que está deixando a chefia do Fundo Monetário Internacional (FMI), vai assumir o posto.
Visão MZR
A atuação do Banco Central Europeu seguiu na linha da expectativa dos mercados, uma vez que a economia europeia já vinha dando fortes sinais de desaceleração e até possíveis riscos de recessão. Frente a isso o presidente do BCE anunciou o corte na taxa de juros, além do plano de injetar dinheiro novo no sistema financeiro através de compras de títulos do governo. O cenário global de juros mais baixo e maior liquidez, vai se concretizando ainda mais com o comunicado de hoje. O que é muito positivo para o Brasil, uma vez que o mundo com maior liquidez e juros mais baixos nos favorece na retomada do crescimento.